Banksia spinulosa var. collinaHá uns anos, numa conversa ocasional na Casa do Vinho Verde, à rua da Restauração, um responsável pelas obras de recuperação desse esplendoroso edifício oitocentista afiançou-nos que a estranha árvore ao fundo do pátio era um bonsai. Tentámos corrigi-lo, mas ele mantinha-se firme na sua opinião. Bonsai, segundo ele, seria uma espécie bem determinada de árvore, como o pinheiro ou a macieira, com a diferença de ser geralmente cultivada em ponto pequeno; mas, como exemplificava aquela mesma árvore, haveria também bonsais em escala mais avantajada. A ignorância presunçosa é difícil de desculpar; mas deve reconhecer-se que, no retorcido quase artificial do tronco e das grossas ramadas, e na copa larga e atarracada, desproporcionada em relação à altura, a árvore parece de facto um bonsai gigante, minuciosamente recriado a uma escala improvável para melhor se admirar. Se os habitantes de Brobdingnag, que Gulliver visitou na sua segunda viagem, se dedicassem à arte da miniaturização de árvores, sem dúvida que os seus «bonsais» seriam, no tamanho e na forma, muito parecidos com este.Pertencendo, como a Protea, a Grevillea e o Leucospermum, à família Proteacea, a Banksia é um género australiano que compreende cerca de 80 espécies, e que é reconhecível pelas inflorescências cilíndricas, formadas por centenas ou milhares de pequeninas flores espetadas perpendicularmente, à laia de alfinetes, num eixo central. As Banksias variam de arbustos rasteiros, com cerca de meio metro, até árvores de quinze metros como a Banksia integrifolia, de que há dois ou três exemplares em Serralves. Com os seus três metros de altura, a Banksia spinulosa var. collina, que hoje aqui trazemos, está a meio caminho entre os dois extremos. As suas folhas de margem serradas, compridas e muito estreitas, podem ao longe confundir-se com agulhas de um pinheiro.No Porto secou há dois anos um perfeito exemplar desta espécie no Parque de Serralves; e, além do exemplar da foto, sobrevivem dois outros no Largo do Calém, e um quarto num jardim particular à rua de Gondarém.
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Banksia spinulosa var. collinaHá uns anos, numa conversa ocasional na Casa do Vinho Verde, à rua da Restauração, um responsável pelas obras de recuperação desse esplendoroso edifício oitocentista afiançou-nos que a estranha árvore ao fundo do pátio era um bonsai. Tentámos corrigi-lo, mas ele mantinha-se firme na sua opinião. Bonsai, segundo ele, seria uma espécie bem determinada de árvore, como o pinheiro ou a macieira, com a diferença de ser geralmente cultivada em ponto pequeno; mas, como exemplificava aquela mesma árvore, haveria também bonsais em escala mais avantajada. A ignorância presunçosa é difícil de desculpar; mas deve reconhecer-se que, no retorcido quase artificial do tronco e das grossas ramadas, e na copa larga e atarracada, desproporcionada em relação à altura, a árvore parece de facto um bonsai gigante, minuciosamente recriado a uma escala improvável para melhor se admirar. Se os habitantes de Brobdingnag, que Gulliver visitou na sua segunda viagem, se dedicassem à arte da miniaturização de árvores, sem dúvida que os seus «bonsais» seriam, no tamanho e na forma, muito parecidos com este.Pertencendo, como a Protea, a Grevillea e o Leucospermum, à família Proteacea, a Banksia é um género australiano que compreende cerca de 80 espécies, e que é reconhecível pelas inflorescências cilíndricas, formadas por centenas ou milhares de pequeninas flores espetadas perpendicularmente, à laia de alfinetes, num eixo central. As Banksias variam de arbustos rasteiros, com cerca de meio metro, até árvores de quinze metros como a Banksia integrifolia, de que há dois ou três exemplares em Serralves. Com os seus três metros de altura, a Banksia spinulosa var. collina, que hoje aqui trazemos, está a meio caminho entre os dois extremos. As suas folhas de margem serradas, compridas e muito estreitas, podem ao longe confundir-se com agulhas de um pinheiro.No Porto secou há dois anos um perfeito exemplar desta espécie no Parque de Serralves; e, além do exemplar da foto, sobrevivem dois outros no Largo do Calém, e um quarto num jardim particular à rua de Gondarém.