Um torrão de barro!Eu vi um torrão de barroFresco, na enxada, e uma minhoca!Aquele torrão cheirosoEra a toca!Eu vi bichas da terra,Uma raiz ao sol,Vi ervas verdesE um osso.E fiquei tão comovido,Tão agradecido,Que quis dizer isso a alguém,Mas não sei a quemNem posso.Eu vi a oliveira de bronze e de prataCheia de folhas e de pios,E pelo vento soube dos rios.Mas nem pinheiros nem fuminhosDe casais, semeaduras, cigarras,Nem este pouco de poesia que me tocaE que do Mundo me desligaValem a pobre minhocaQue se mexia para eu ver,Só com metade da barriga. Vitorino Nemésio ( in NEM TODA A NOITE A VIDA , 1952)post dedicado;-)
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Um torrão de barro!Eu vi um torrão de barroFresco, na enxada, e uma minhoca!Aquele torrão cheirosoEra a toca!Eu vi bichas da terra,Uma raiz ao sol,Vi ervas verdesE um osso.E fiquei tão comovido,Tão agradecido,Que quis dizer isso a alguém,Mas não sei a quemNem posso.Eu vi a oliveira de bronze e de prataCheia de folhas e de pios,E pelo vento soube dos rios.Mas nem pinheiros nem fuminhosDe casais, semeaduras, cigarras,Nem este pouco de poesia que me tocaE que do Mundo me desligaValem a pobre minhocaQue se mexia para eu ver,Só com metade da barriga. Vitorino Nemésio ( in NEM TODA A NOITE A VIDA , 1952)post dedicado;-)