Ainda me lembro do fascínio e da emoção que aqueles textos me provocavam...Eu era adolescente e José Gomes Ferreira falava-me ao ouvido do "Mundo dos outros".E quando começou a falar-me da "boca enorme" a segunda crónica do livro, já não eram só os ouvidos ou os olhos que se abriam mas era a minha alma toda. Disseram-me que para além de escritor era jornalista. E eu achei que coisa melhor não deveria haver.Marcada por este e por outros encontros da vida, habituei-me desde cedo, a pensar que os jornalistas eram os que sabiam olhar o mundo dos outros. Os que queriam descortinar outros mundos para além dos seus. Descobri-los. Maravilhar-se. Habituei-me a imaginá-los capazes de habitarem o mundo dos outros. Dispostos a serem a voz dos outros, os olhos dos outros, o sentir dos outros. Para além de si próprios.E porque assim pensei custa-me hoje dar de caras com a realidade de alguns jornalistas que se esqueceram de ser assim. E nos palcos dos prós e contras, dos jornais e outros meios, já só falam de si e dos seus mundos.E lembro-me outra vez de José Gomes Ferreira, pensando que se calhar os jornalistas também se incluíam entre aqueles a quem se referiam as últimas linhas do mundo dos outros:"Vejam: lá vão! Uns a sonhar que estão acordados. Outros, que vivem. Alguns, que falam. Muitos, que amam. Aqueles que trabalham. Estes, que sofrem. Outros, que gritam. E que protestam. E que berram. E que lutam.Mas não. Tudo mentira. Dormem profundamente com o corpo todo, com a alma toda, nos tremedais dos cafés (...)Vamos, meus senhores, acordem. São horas. (Ah, que vontade de lhes dar beliscões!) Acordem. Ou, pelo menos, voltem-se para o outro lado!"Terá isto alguma coisa a ver com o que por aqui se tem escrito sobre o PCP ???
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Ainda me lembro do fascínio e da emoção que aqueles textos me provocavam...Eu era adolescente e José Gomes Ferreira falava-me ao ouvido do "Mundo dos outros".E quando começou a falar-me da "boca enorme" a segunda crónica do livro, já não eram só os ouvidos ou os olhos que se abriam mas era a minha alma toda. Disseram-me que para além de escritor era jornalista. E eu achei que coisa melhor não deveria haver.Marcada por este e por outros encontros da vida, habituei-me desde cedo, a pensar que os jornalistas eram os que sabiam olhar o mundo dos outros. Os que queriam descortinar outros mundos para além dos seus. Descobri-los. Maravilhar-se. Habituei-me a imaginá-los capazes de habitarem o mundo dos outros. Dispostos a serem a voz dos outros, os olhos dos outros, o sentir dos outros. Para além de si próprios.E porque assim pensei custa-me hoje dar de caras com a realidade de alguns jornalistas que se esqueceram de ser assim. E nos palcos dos prós e contras, dos jornais e outros meios, já só falam de si e dos seus mundos.E lembro-me outra vez de José Gomes Ferreira, pensando que se calhar os jornalistas também se incluíam entre aqueles a quem se referiam as últimas linhas do mundo dos outros:"Vejam: lá vão! Uns a sonhar que estão acordados. Outros, que vivem. Alguns, que falam. Muitos, que amam. Aqueles que trabalham. Estes, que sofrem. Outros, que gritam. E que protestam. E que berram. E que lutam.Mas não. Tudo mentira. Dormem profundamente com o corpo todo, com a alma toda, nos tremedais dos cafés (...)Vamos, meus senhores, acordem. São horas. (Ah, que vontade de lhes dar beliscões!) Acordem. Ou, pelo menos, voltem-se para o outro lado!"Terá isto alguma coisa a ver com o que por aqui se tem escrito sobre o PCP ???