A circunstância de, por estes dias, confluir o final de um semestre, na universidade, com o fim do primeiro período, na escola secundária, tem acarretado um assoberbamento de trabalho que me deixa pouco tempo disponível para tomar posição relativamente a algumas intervenções ou situações incompreensíveis que têm ocorrido, como foi o caso, quer do último episódio da conivência, na sequência de memorandos e acordos, entre a Fenprof e o ministério da Educação [ME], sob a forma de uma transferência videirista de um recurso humano (um tal de J. P. Videira), quer da forma precipitada e equivocada como um político que admiro comentou os resultados do PISA 2009.
O primeiro caso é tão óbvio da cumplicidade entre a Fenprof e o ME, talvez estabelecida naquele célebre encontro iscteano, ocorrido em Março de 2008, entre o Silva governamental e o Silva sindical, que nem vou perder tempo a sublinhar a evidência do logro e da instrumentalização a que as reivindicações dos professores foram sujeitas.
O segundo caso reporta ao modo como Paulo Rangel, no programa "Contra Análise" da RTPN que foi emitido no dia 11 de Dezembro, terá concordado com o seu interlocutor Correia de Campos, na atribuição da melhoria dos resultados, no PISA 2009, à implementação do novo modelo de gestão, que Rangel terá considerado uma medida plasmada do ideário educativo do PSD.
Confesso que não segui o programa em directo, nem tive oportunidade de obter uma gravação do mesmo, tendo sido o Paulo Prudêncio a advertir-me, por email, para esta intervenção, à qual até já dedicou um post, com o qual estou de acordo.
Alguém que atacou sempre, de forma consistente e sistemática, as políticas educativas de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, considerando, inclusivamente, esta última como "a pior coisa que nos aconteceu", não pode, perante um indício pretensamente positivo (que nem sequer resulta das reformas de Sócrates), ir atrás do coro geral, contraditar o que afirmou no passado e, sobretudo, pôr em causa a sua imagem de político preparado em matérias educativas, ao desconhecer uma evidência básica que tinha a obrigação de conhecer e que é a seguinte:
- os testes PISA 2009 foram realizados em Abril e Maio de 2009, enquanto os processos de escolha dos directores ocorreram, esmagadoramente, nos meses de Junho e Julho de 2009, pelo que, entre 2006 e 2009, vigorou nas escolas o modelo de gestão democrático, suportado nos Conselhos Executivos (que nenhum relatório da IGE considerou disfuncional, bem pelo contrário). Logo, Paulo Rangel espalhou-se ao comprido, na sua argumentação.
A preparação de um político deve ser dinâmica e acompanhar os processos e os fenómenos que, além do mais, lhe valeram, muito provavelmente, o excelente resultado obtido nas eleições Europeias, em 2009.
Se tivesse o sortilégio de administrar penitências, que não tenho, nem almejo, não deixaria de sugerir a Paulo Rangel que ouvisse, várias vezes, o discurso que disponibilizo a seguir e que passou dele próprio uma imagem de alguém que dominava as questões da Educação e as reivindicações dos professores.
A autoridade e a coerência políticas dão trabalho, mas talvez valha a pena serem preservadas para futuro.
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A circunstância de, por estes dias, confluir o final de um semestre, na universidade, com o fim do primeiro período, na escola secundária, tem acarretado um assoberbamento de trabalho que me deixa pouco tempo disponível para tomar posição relativamente a algumas intervenções ou situações incompreensíveis que têm ocorrido, como foi o caso, quer do último episódio da conivência, na sequência de memorandos e acordos, entre a Fenprof e o ministério da Educação [ME], sob a forma de uma transferência videirista de um recurso humano (um tal de J. P. Videira), quer da forma precipitada e equivocada como um político que admiro comentou os resultados do PISA 2009.
O primeiro caso é tão óbvio da cumplicidade entre a Fenprof e o ME, talvez estabelecida naquele célebre encontro iscteano, ocorrido em Março de 2008, entre o Silva governamental e o Silva sindical, que nem vou perder tempo a sublinhar a evidência do logro e da instrumentalização a que as reivindicações dos professores foram sujeitas.
O segundo caso reporta ao modo como Paulo Rangel, no programa "Contra Análise" da RTPN que foi emitido no dia 11 de Dezembro, terá concordado com o seu interlocutor Correia de Campos, na atribuição da melhoria dos resultados, no PISA 2009, à implementação do novo modelo de gestão, que Rangel terá considerado uma medida plasmada do ideário educativo do PSD.
Confesso que não segui o programa em directo, nem tive oportunidade de obter uma gravação do mesmo, tendo sido o Paulo Prudêncio a advertir-me, por email, para esta intervenção, à qual até já dedicou um post, com o qual estou de acordo.
Alguém que atacou sempre, de forma consistente e sistemática, as políticas educativas de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, considerando, inclusivamente, esta última como "a pior coisa que nos aconteceu", não pode, perante um indício pretensamente positivo (que nem sequer resulta das reformas de Sócrates), ir atrás do coro geral, contraditar o que afirmou no passado e, sobretudo, pôr em causa a sua imagem de político preparado em matérias educativas, ao desconhecer uma evidência básica que tinha a obrigação de conhecer e que é a seguinte:
- os testes PISA 2009 foram realizados em Abril e Maio de 2009, enquanto os processos de escolha dos directores ocorreram, esmagadoramente, nos meses de Junho e Julho de 2009, pelo que, entre 2006 e 2009, vigorou nas escolas o modelo de gestão democrático, suportado nos Conselhos Executivos (que nenhum relatório da IGE considerou disfuncional, bem pelo contrário). Logo, Paulo Rangel espalhou-se ao comprido, na sua argumentação.
A preparação de um político deve ser dinâmica e acompanhar os processos e os fenómenos que, além do mais, lhe valeram, muito provavelmente, o excelente resultado obtido nas eleições Europeias, em 2009.
Se tivesse o sortilégio de administrar penitências, que não tenho, nem almejo, não deixaria de sugerir a Paulo Rangel que ouvisse, várias vezes, o discurso que disponibilizo a seguir e que passou dele próprio uma imagem de alguém que dominava as questões da Educação e as reivindicações dos professores.
A autoridade e a coerência políticas dão trabalho, mas talvez valha a pena serem preservadas para futuro.