Porque os grandes vencedores desta impressionante luta dos professores portugueses são...... os directores que continuam a excluir e a perseguir colegas. ... os professores que aproveitaram a farsa da avaliação e a luta de muitos para obterem vantagens sobre os colegas.... aqueles (políticos e professores) que não tiveram a firmeza e a clarividência para honrarem compromissos.... aqueles que fizeram pela vidinha e agora se acomodam e não exigem justiça para os colegas que lutaram, em coerência, contra a irracionalidade de um modelo e de uma política educativa.... aqueles que agora reconhecem credibilidade e competência para classificar a um modelo avaliativo que juraram não ser sério, nem justo.Pois, parabéns a todos!Espero ter oportunidade de brevemente, após este trânsito que agora efectuo para e de Lisboa, escrever um texto de homenagem ao Luís Costa e a todos os colegas que deram tanto do seu tempo, do seu talento, da sua convicção e da sua coerência a esta luta, que contribuíram decisivamente para desnudar a incompetência e a falta de seriedade de um modelo de avaliação que sem eles não teria caído, mas que, bem à portuguesa, acabam injustiçados por alguns cretinos que fazem das leis injustas o refúgio da sua mediocridade e da sua indigência moral, abandonados por quase todos e sacrificados no altar das vitórias pífias.Quantos deixaram de aparecer, já não repassam textos, não se mobilizam e alguns furtaram-se eles próprios aos compromissos que assumiram perante si e perante os colegas de não participarem nesta farsa de avaliação, mas tiveram medo (traço que cada vez mais estrutura o ser português e envergonha o nosso passado) e agora fruem, na sua acomodação, os tranquilos "louros" da sua (in)coerência.Para já, homenageio o Luís Costa colocando aqui o seu magnífico texto que, apesar de amargurado, só um professor (e um barrosão) de grande carácter poderia ter escrito.Meu caro Luís, nem frio, nem só, porque alguns de nós não deixaremos de fazer o que estiver ao nosso alcance para que assim não seja!" Soube hoje, oficialmente, que não fui avaliado. Apesar de ser este o único desfecho esperado e intimamente desejado ― uma vez que não me sujei nesta sarjeta de injustiças ―, não pude evitar que uma brisa de revolta me percorresse de lés a lés, uma revolta que ― perdoem-me ― não consigo abafar. No entanto, estou a galáxias de distância do arrependimento. Muito pelo contrário! Como diz Aragon, “s'il était à refaire, je referais ce chemin”. E fá-lo-ia com mais determinação ainda!Hoje, passaram pelas minhas retinas muitos milhares de bandeiras brancas, muitos milhares de professores enchendo centenas de autocarros, as artérias centrais de Lisboa. Hoje, voltei a sentir os muitos abraços de admiração, as palmadinhas de apreço, os elogios rasgados, os agradecimentos expressos, os poemas que também me dedicaram (sobretudo o “Porque”, de Sophia de Mello Breyner) e senti-me frio e só! Frio e só, apesar de saber que tenho comigo, nesta “ilha do Pacífico”, homens de grande dignidade e denodo, que deram ― e continuam a dar ― muito mais do que eu para esta causa. Mas aqui estamos ― sem saber muito bem quantos somos ―, incólumes, invictos e desterrados. E os restantes onde estão? A receber os proventos da avaliação e a deitar contas à vida?O sistema de avaliação ruiu, implodiu, porque os seus pilares eram podres. No entanto ― espante-se o mundo desconcertado ― aqueles que ficaram debaixo dele “salvaram-se, entre aspas,” e os que não se submeteram ao seu iníquo perímetro foram as únicas vítimas, sem aspas. E esta história híbrida quase acaba assim, por alturas do Natal, como uma bela prenda, mantendo-se fiel à sua génese: um misto de comédia, de farsa, de sequela, de tragédia, com muito dramalhão romântico à mistura. Enfim, uma salgalhada! No entanto, este quase epílogo não deixa de ser quase surpreendente: na arena do “colosseum”, os protagonistas estão a ser sacrificados. Contudo, o que lhes dói mais não é a dureza das correntes e do chicote ― que sentem com estóico orgulho ―, mas a indiferença da plateia, pela qual eles deram o corpo e a alma. Voltem os polegares para baixo! "Luís Costa(texto e foto retirados DAQUI...)
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Porque os grandes vencedores desta impressionante luta dos professores portugueses são...... os directores que continuam a excluir e a perseguir colegas. ... os professores que aproveitaram a farsa da avaliação e a luta de muitos para obterem vantagens sobre os colegas.... aqueles (políticos e professores) que não tiveram a firmeza e a clarividência para honrarem compromissos.... aqueles que fizeram pela vidinha e agora se acomodam e não exigem justiça para os colegas que lutaram, em coerência, contra a irracionalidade de um modelo e de uma política educativa.... aqueles que agora reconhecem credibilidade e competência para classificar a um modelo avaliativo que juraram não ser sério, nem justo.Pois, parabéns a todos!Espero ter oportunidade de brevemente, após este trânsito que agora efectuo para e de Lisboa, escrever um texto de homenagem ao Luís Costa e a todos os colegas que deram tanto do seu tempo, do seu talento, da sua convicção e da sua coerência a esta luta, que contribuíram decisivamente para desnudar a incompetência e a falta de seriedade de um modelo de avaliação que sem eles não teria caído, mas que, bem à portuguesa, acabam injustiçados por alguns cretinos que fazem das leis injustas o refúgio da sua mediocridade e da sua indigência moral, abandonados por quase todos e sacrificados no altar das vitórias pífias.Quantos deixaram de aparecer, já não repassam textos, não se mobilizam e alguns furtaram-se eles próprios aos compromissos que assumiram perante si e perante os colegas de não participarem nesta farsa de avaliação, mas tiveram medo (traço que cada vez mais estrutura o ser português e envergonha o nosso passado) e agora fruem, na sua acomodação, os tranquilos "louros" da sua (in)coerência.Para já, homenageio o Luís Costa colocando aqui o seu magnífico texto que, apesar de amargurado, só um professor (e um barrosão) de grande carácter poderia ter escrito.Meu caro Luís, nem frio, nem só, porque alguns de nós não deixaremos de fazer o que estiver ao nosso alcance para que assim não seja!" Soube hoje, oficialmente, que não fui avaliado. Apesar de ser este o único desfecho esperado e intimamente desejado ― uma vez que não me sujei nesta sarjeta de injustiças ―, não pude evitar que uma brisa de revolta me percorresse de lés a lés, uma revolta que ― perdoem-me ― não consigo abafar. No entanto, estou a galáxias de distância do arrependimento. Muito pelo contrário! Como diz Aragon, “s'il était à refaire, je referais ce chemin”. E fá-lo-ia com mais determinação ainda!Hoje, passaram pelas minhas retinas muitos milhares de bandeiras brancas, muitos milhares de professores enchendo centenas de autocarros, as artérias centrais de Lisboa. Hoje, voltei a sentir os muitos abraços de admiração, as palmadinhas de apreço, os elogios rasgados, os agradecimentos expressos, os poemas que também me dedicaram (sobretudo o “Porque”, de Sophia de Mello Breyner) e senti-me frio e só! Frio e só, apesar de saber que tenho comigo, nesta “ilha do Pacífico”, homens de grande dignidade e denodo, que deram ― e continuam a dar ― muito mais do que eu para esta causa. Mas aqui estamos ― sem saber muito bem quantos somos ―, incólumes, invictos e desterrados. E os restantes onde estão? A receber os proventos da avaliação e a deitar contas à vida?O sistema de avaliação ruiu, implodiu, porque os seus pilares eram podres. No entanto ― espante-se o mundo desconcertado ― aqueles que ficaram debaixo dele “salvaram-se, entre aspas,” e os que não se submeteram ao seu iníquo perímetro foram as únicas vítimas, sem aspas. E esta história híbrida quase acaba assim, por alturas do Natal, como uma bela prenda, mantendo-se fiel à sua génese: um misto de comédia, de farsa, de sequela, de tragédia, com muito dramalhão romântico à mistura. Enfim, uma salgalhada! No entanto, este quase epílogo não deixa de ser quase surpreendente: na arena do “colosseum”, os protagonistas estão a ser sacrificados. Contudo, o que lhes dói mais não é a dureza das correntes e do chicote ― que sentem com estóico orgulho ―, mas a indiferença da plateia, pela qual eles deram o corpo e a alma. Voltem os polegares para baixo! "Luís Costa(texto e foto retirados DAQUI...)