Octávio V Gonçalves: A grande questão do momento para deslindar a tramóia

04-08-2010
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Passado o idílio da cooperação estratégica e já no contexto da escalada da desconfiança do presidente da República em relação ao governo e ao primeiro-ministro, cujo último episódio se prende com o “caso das escutas” (que Cavaco Silva devia ter arrumado logo em Agosto com um comunicado seco e grosso, pois não se pode ser ingénuo e dar muita confiança a pessoas de quem se tem boas razões para suspeitas), há um enigma que carece de ser desvendado e que já deveria ter no terreno batalhões de jornalistas de investigação a procurarem a resposta à seguinte questão:Quem foram as fontes anónimas que surripiaram o e-mail do computador do Público e o ofereceram ao Expresso (que esteve à altura da deontologia jornalística da protecção das fontes) e ao Diário de Notícias? Num país viável responder-se-ia assim: a questão não faz sentido, porque as fontes anónimas devem ser protegidas pelos jornalistas.Em Portugal, a resposta de um jornalista que trabalhe no Diário de Notícias não há-de andar longe da seguinte formulação: obviamente, não revelo as minhas, mas não me coíbo de revelar as fontes de outros colegas jornalistas.Assim sendo, a questão enunciada em cima faz todo o sentido e, muito provavelmente, vamos assistir nos próximos tempos à saga de jornalistas a tentar caçar e divulgar publicamente as fontes dos colegas. Será a guerra suja do jornalismo português.O mais grave de tudo isto é a circunstância de indivíduos que se dizem jornalistas se deixarem manipular e enredar numa campanha (cujos contornos ainda se virão a conhecer mais cedo ou mais tarde) para favorecer, em plena campanha eleitoral, um partido político e um candidato, cuja actuação não tem sido, propriamente, a do favorecimento da actividade jornalística livre.Sócrates deve estar grato ao Diário de Notícias e ao seu director, um tal João Marcelino, por sinal o modelo socrático de verdadeiro jornalismo. Compreende-se agora o elogio avant la lettre de Sócrates e confirma-se como estão bem um para o outro.Se eu alinhasse em teorias da conspiração, pensaria que uma vez fragilizado Cavaco Silva, talvez tenha chegado o momento de enfraquecer alguém que saiu fortalecido das eleições legislativas e que tem a chave da maioria absoluta do PS.Se eu alinhasse em teorias da conspiração, questionaria a oportunidade da intervenção espectacular das autoridades judiciais e policiais na realização de buscas em escritórios de advogados dois dias depois das eleições, ressuscitando o “caso dos submarinos”.Quem, nesta fase da vida política, ganha com a promoção da associação entre a história dos submarinos e Paulo Portas?E se Portas não tem nada a ver com a fraude que possa ter existido na aquisição dos submarinos, como parece não ter, porque razão não se apressa o Ministério Público a dar nota pública do não envolvimento do líder do CDS/PP nesta situação, como o fez em outros casos que eram susceptíveis de chamuscar a reputação de Sócrates?Se eu alinhasse em teorias da conspiração, perguntaria se isto são coincidências ou se começa a fazer sentido suspeitar-se da existência de intervenções, manipulações e actuações cirúrgicas, em momentos cruciais, orientadas para a fragilização política de todos aqueles que podem opor-se a um certo poder instalado?Agora, há uma evidência indiscutível: a sociedade portuguesa confronta-se, na actualidade, com um foco destabilizador de onde emerge toda uma conflitualidade e crispação que vira instituições contra instituições, portugueses contra portugueses, jornalistas contra jornalistas, advogados contra advogados e, mesmo, professores contra professores.Perdeu-se o clima de confiança, de cooperação e de motivação imprescindível à construção do progresso do país.Esse foco chama-se José Sócrates e tudo o que ele representa.


Passado o idílio da cooperação estratégica e já no contexto da escalada da desconfiança do presidente da República em relação ao governo e ao primeiro-ministro, cujo último episódio se prende com o “caso das escutas” (que Cavaco Silva devia ter arrumado logo em Agosto com um comunicado seco e grosso, pois não se pode ser ingénuo e dar muita confiança a pessoas de quem se tem boas razões para suspeitas), há um enigma que carece de ser desvendado e que já deveria ter no terreno batalhões de jornalistas de investigação a procurarem a resposta à seguinte questão:Quem foram as fontes anónimas que surripiaram o e-mail do computador do Público e o ofereceram ao Expresso (que esteve à altura da deontologia jornalística da protecção das fontes) e ao Diário de Notícias? Num país viável responder-se-ia assim: a questão não faz sentido, porque as fontes anónimas devem ser protegidas pelos jornalistas.Em Portugal, a resposta de um jornalista que trabalhe no Diário de Notícias não há-de andar longe da seguinte formulação: obviamente, não revelo as minhas, mas não me coíbo de revelar as fontes de outros colegas jornalistas.Assim sendo, a questão enunciada em cima faz todo o sentido e, muito provavelmente, vamos assistir nos próximos tempos à saga de jornalistas a tentar caçar e divulgar publicamente as fontes dos colegas. Será a guerra suja do jornalismo português.O mais grave de tudo isto é a circunstância de indivíduos que se dizem jornalistas se deixarem manipular e enredar numa campanha (cujos contornos ainda se virão a conhecer mais cedo ou mais tarde) para favorecer, em plena campanha eleitoral, um partido político e um candidato, cuja actuação não tem sido, propriamente, a do favorecimento da actividade jornalística livre.Sócrates deve estar grato ao Diário de Notícias e ao seu director, um tal João Marcelino, por sinal o modelo socrático de verdadeiro jornalismo. Compreende-se agora o elogio avant la lettre de Sócrates e confirma-se como estão bem um para o outro.Se eu alinhasse em teorias da conspiração, pensaria que uma vez fragilizado Cavaco Silva, talvez tenha chegado o momento de enfraquecer alguém que saiu fortalecido das eleições legislativas e que tem a chave da maioria absoluta do PS.Se eu alinhasse em teorias da conspiração, questionaria a oportunidade da intervenção espectacular das autoridades judiciais e policiais na realização de buscas em escritórios de advogados dois dias depois das eleições, ressuscitando o “caso dos submarinos”.Quem, nesta fase da vida política, ganha com a promoção da associação entre a história dos submarinos e Paulo Portas?E se Portas não tem nada a ver com a fraude que possa ter existido na aquisição dos submarinos, como parece não ter, porque razão não se apressa o Ministério Público a dar nota pública do não envolvimento do líder do CDS/PP nesta situação, como o fez em outros casos que eram susceptíveis de chamuscar a reputação de Sócrates?Se eu alinhasse em teorias da conspiração, perguntaria se isto são coincidências ou se começa a fazer sentido suspeitar-se da existência de intervenções, manipulações e actuações cirúrgicas, em momentos cruciais, orientadas para a fragilização política de todos aqueles que podem opor-se a um certo poder instalado?Agora, há uma evidência indiscutível: a sociedade portuguesa confronta-se, na actualidade, com um foco destabilizador de onde emerge toda uma conflitualidade e crispação que vira instituições contra instituições, portugueses contra portugueses, jornalistas contra jornalistas, advogados contra advogados e, mesmo, professores contra professores.Perdeu-se o clima de confiança, de cooperação e de motivação imprescindível à construção do progresso do país.Esse foco chama-se José Sócrates e tudo o que ele representa.

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