Octávio V Gonçalves: RAPIDINHAS: sempre que Marques Mendes se tenta pôr em bicos de pés, passa a ideia de ser mais "baixo"

04-08-2010
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Há um dado curioso na observação do comportamento político de Marques Mendes: sempre que se mantém reservado, prudente e escorado em princípios transmite a imagem de grande estatura política e até de homem de Estado; quando se procura colocar numa posição de superioridade moral ou política, relativamente àqueles que em cada momento lideram o PSD, por norma tende a mostrar-se politicamente diminuído, evidenciando um oportunismo e um ressabiamento que não se ajustam à imagem que procura cultivar nos tempos de pousio político.As suas intervenções mais recentes, no que está a ser secundado por alguns mendistas, de ataque a Manuela Ferreira Leite, além do tacticismo de reserva de lugar na fila de sucessão ao trono, apenas servem para os portugueses serem sujeitos a levar em cima com mais uns minutos do discurso mimado do "copinho de leite", que a versão mansa do socratismo elevou a porta-voz do PS, fazendo a festa e apanhando as canas de uma glória que ainda está por vir. Mas, o mais censurável na ressurreição de Mendes prende-se com o momento temporal e com o contexto em que a mesma ocorre. Marques Mendes está com o relógio desacertado: quando devia ter intervido, não foi a jogo e hibernou, para emergir agora a destempo.As críticas à líder do PSD tiveram o seu tempo para serem esgrimidas. Fazê-las a menos de dois meses de um acto eleitoral decisivo e, sobretudo, emergirem num contexto de escolha de "lugares" para deputados e não a propósito da substância do programa eleitoral e das propostas políticas, é algo absolutamente suicidário em termos da carreira política dos críticos tardios e de oportunidade. Os partidos, por norma, não perdoam àqueles que fazem o jogo dos adversários nos momentos decisivos da contenda política. Acima de tudo, porque aos portugueses isto cheira a mera disputa de lugares, quando os lugares e as pessoas em concreto que os ocupam estão completamente instrumentalizados e capturados pelas lógicas da disciplina partidária. Veja-se, a propósito, o espectáculo triste dos deputados socialistas aquando da votação da suspensão da avaliação dos professores: uns votaram contra a sua consciência e entendimento por razões de lealdade partidária, enquanto os que se assumiram com uma personalidade própria e como verdadeiros representantes daqueles que os elegeram, viram-se agora banidos da lista do PS.Como tal, esteve bem Luís Filipe Menezes na sua entrevista de ontem à SIC Notícias, criticando onde tinha que criticar, desvalorizando a questão das listas e afirmando lealdade e combatividade para a batalha eleitoral que se aproxima. Até porque o fundamental é afastar do poder um estilo medíocre, desprovido de ética e retaliatório de fazer política, como aquele que Sócrates protagoniza.


Há um dado curioso na observação do comportamento político de Marques Mendes: sempre que se mantém reservado, prudente e escorado em princípios transmite a imagem de grande estatura política e até de homem de Estado; quando se procura colocar numa posição de superioridade moral ou política, relativamente àqueles que em cada momento lideram o PSD, por norma tende a mostrar-se politicamente diminuído, evidenciando um oportunismo e um ressabiamento que não se ajustam à imagem que procura cultivar nos tempos de pousio político.As suas intervenções mais recentes, no que está a ser secundado por alguns mendistas, de ataque a Manuela Ferreira Leite, além do tacticismo de reserva de lugar na fila de sucessão ao trono, apenas servem para os portugueses serem sujeitos a levar em cima com mais uns minutos do discurso mimado do "copinho de leite", que a versão mansa do socratismo elevou a porta-voz do PS, fazendo a festa e apanhando as canas de uma glória que ainda está por vir. Mas, o mais censurável na ressurreição de Mendes prende-se com o momento temporal e com o contexto em que a mesma ocorre. Marques Mendes está com o relógio desacertado: quando devia ter intervido, não foi a jogo e hibernou, para emergir agora a destempo.As críticas à líder do PSD tiveram o seu tempo para serem esgrimidas. Fazê-las a menos de dois meses de um acto eleitoral decisivo e, sobretudo, emergirem num contexto de escolha de "lugares" para deputados e não a propósito da substância do programa eleitoral e das propostas políticas, é algo absolutamente suicidário em termos da carreira política dos críticos tardios e de oportunidade. Os partidos, por norma, não perdoam àqueles que fazem o jogo dos adversários nos momentos decisivos da contenda política. Acima de tudo, porque aos portugueses isto cheira a mera disputa de lugares, quando os lugares e as pessoas em concreto que os ocupam estão completamente instrumentalizados e capturados pelas lógicas da disciplina partidária. Veja-se, a propósito, o espectáculo triste dos deputados socialistas aquando da votação da suspensão da avaliação dos professores: uns votaram contra a sua consciência e entendimento por razões de lealdade partidária, enquanto os que se assumiram com uma personalidade própria e como verdadeiros representantes daqueles que os elegeram, viram-se agora banidos da lista do PS.Como tal, esteve bem Luís Filipe Menezes na sua entrevista de ontem à SIC Notícias, criticando onde tinha que criticar, desvalorizando a questão das listas e afirmando lealdade e combatividade para a batalha eleitoral que se aproxima. Até porque o fundamental é afastar do poder um estilo medíocre, desprovido de ética e retaliatório de fazer política, como aquele que Sócrates protagoniza.

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