O ex-ministro das Obras Públicas foi esta manhã confrontado no Tribunal Central de Instrução Criminal com declarações da sua ex-secretária de Estado Ana Paula Vitorino e disse que «é mentira» o que esta relatou, sobre os pedidos de Armando Vara para que a Refer beneficiasse o sucateiro Manuel Godinho.
A 17 de Outubro, no final do inquérito, que decorreu em Aveiro, a antiga responsável pela Secretaria de Estado dos Transportes e actual deputada do PS respondeu por escrito a 25 perguntas do Ministério Público (MP) sobre as diligências desenvolvidas pelos arguidos do processo Face Oculta, nomadamente Armando Vara, Fernando Lopes Barreira e Manuel Godinho, para que o presidente da Refer, Luís Pardal, fosse obrigado a reatar relações comerciais com as empresas deste.
Quando o MP questionou «se alguma vez o arguido Armando Vara, directamente ou por interposta pessoa», tinha falado com ela sobre o assunto, Vitorino respondeu: «Directamente nunca falou. No entanto, na primeira vez que falou da O2, o então ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, engenheiro Mário Lino, disse-me que era uma empresa amiga do PS e que havia pessoas importantes do partido muito preocupadas com o comportamento com o comportamento inflexível do Pardal . Quando lhe respondi que nem queria falar no assunto, lembrou-me que era (tal como ainda sou) do Secretariado Nacional do partido. Respondi-lhe que isso me dava preocupações acrescidas de seriedade e que estava farta que os partidos tivessem as costas largas . No meio da conversa, os únicos nomes que foram referidos foram os de Armando Vara e de Fernando Lopes Barreira».
Questionado hoje pelo juiz de instrução Carlos Alexandre, Mário Lino foi taxativo em afirmar que tal «é mentira». E repetiu a resposta quando o juiz Carlos Alexandre insistiu, querendo saber então qual a razão por que Ana Paula Vitorino fez tal afirmação, e por escrito.
Sobre Armando Vara, Mário Lino garantiu que este nunca lhe pediu para tratar do assunto Godinho/Refer - apesar das escutas telefónicas existentes no inquérito que indicam o contrário.
Ana Paula Vitorino, cujo testemunho voltou a ser pedido agora na fase de instrução, já comunicou que vai voltar a responder por escrito (uma prerrogativa dos deputados).
Também o presidente da Refer, Luís Pardal, prestou hoje declarações no Tribunal Central de Instrução Criminal. Reafirmou que não se sentiu pressionado pela tutela, nem quando o então ministro Mário Lino lhe disse para fazer uma reunião com Manuel Godinho e estudar a regularização das relações comerciais da Refer com as empresas deste (acusadas pela empresa pública de roubou de carris). Pardal contou, porém, que estranhou o facto de ter estado durante alguns meses numa situação indefinida, sem a tutela lhe dizer se ia ser reconduzido no cargo ou não. Nesse período, soube que houve pessoas que foram «abordadas» para o substituírem e que um desses contactos tinha sido feito pelo arguido Fernando Lopes Barreira (empresário, proprietário da Consulgal, muito próximo de Armando Vara).
» Consulte o dossier Face Oculta
paula.azevedo@sol.pt
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O ex-ministro das Obras Públicas foi esta manhã confrontado no Tribunal Central de Instrução Criminal com declarações da sua ex-secretária de Estado Ana Paula Vitorino e disse que «é mentira» o que esta relatou, sobre os pedidos de Armando Vara para que a Refer beneficiasse o sucateiro Manuel Godinho.
A 17 de Outubro, no final do inquérito, que decorreu em Aveiro, a antiga responsável pela Secretaria de Estado dos Transportes e actual deputada do PS respondeu por escrito a 25 perguntas do Ministério Público (MP) sobre as diligências desenvolvidas pelos arguidos do processo Face Oculta, nomadamente Armando Vara, Fernando Lopes Barreira e Manuel Godinho, para que o presidente da Refer, Luís Pardal, fosse obrigado a reatar relações comerciais com as empresas deste.
Quando o MP questionou «se alguma vez o arguido Armando Vara, directamente ou por interposta pessoa», tinha falado com ela sobre o assunto, Vitorino respondeu: «Directamente nunca falou. No entanto, na primeira vez que falou da O2, o então ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, engenheiro Mário Lino, disse-me que era uma empresa amiga do PS e que havia pessoas importantes do partido muito preocupadas com o comportamento com o comportamento inflexível do Pardal . Quando lhe respondi que nem queria falar no assunto, lembrou-me que era (tal como ainda sou) do Secretariado Nacional do partido. Respondi-lhe que isso me dava preocupações acrescidas de seriedade e que estava farta que os partidos tivessem as costas largas . No meio da conversa, os únicos nomes que foram referidos foram os de Armando Vara e de Fernando Lopes Barreira».
Questionado hoje pelo juiz de instrução Carlos Alexandre, Mário Lino foi taxativo em afirmar que tal «é mentira». E repetiu a resposta quando o juiz Carlos Alexandre insistiu, querendo saber então qual a razão por que Ana Paula Vitorino fez tal afirmação, e por escrito.
Sobre Armando Vara, Mário Lino garantiu que este nunca lhe pediu para tratar do assunto Godinho/Refer - apesar das escutas telefónicas existentes no inquérito que indicam o contrário.
Ana Paula Vitorino, cujo testemunho voltou a ser pedido agora na fase de instrução, já comunicou que vai voltar a responder por escrito (uma prerrogativa dos deputados).
Também o presidente da Refer, Luís Pardal, prestou hoje declarações no Tribunal Central de Instrução Criminal. Reafirmou que não se sentiu pressionado pela tutela, nem quando o então ministro Mário Lino lhe disse para fazer uma reunião com Manuel Godinho e estudar a regularização das relações comerciais da Refer com as empresas deste (acusadas pela empresa pública de roubou de carris). Pardal contou, porém, que estranhou o facto de ter estado durante alguns meses numa situação indefinida, sem a tutela lhe dizer se ia ser reconduzido no cargo ou não. Nesse período, soube que houve pessoas que foram «abordadas» para o substituírem e que um desses contactos tinha sido feito pelo arguido Fernando Lopes Barreira (empresário, proprietário da Consulgal, muito próximo de Armando Vara).
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paula.azevedo@sol.pt