Ciências Físicas e Naturais-EB 2.3 Correia Mateus: Dia da Papoila

21-01-2011
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Quero hoje revelar um segredo: chamaram-me Fernando em homenagem a um tio-avô (Fernando Aguiar) que, antes de partir para a I Grande Guerra, casou com a matriarca da minha família paterna (a minha tia-avó Maria dos Prazeres - a madrinha Prazeres...). Voltou de lá gaseado e pouco viveu depois de regressar.Assim surgiram os Fernandos e Fernandas na família (eu tinha/tenho vários primos com esse nome, bem como uma tia Fernanda e um tio Fernando, este tendo morrido assassinado no Brasil). E é assim que a I Guerra Mundial, directa ou indirectamente, sempre que me interessou (até porque o meu avô Joaquim - o meu padrinho Joaquim - esteve para ir para o Contingente Português que lá lutou e só se safou porque o Presidente Sidónio Pais - que ele reverenciava, em conjunto com a família real portuguesa - impediu mais envios de tropas).Recordemos então que, hoje, data em se celebra os 89 anos desde que acabou essa tragédia mundial, há uma tradição anglo-saxónica (no Reino Unido, Austrália e, sobretudo, no Canadá, onde este é um dia muito especial, é conhecido como o Remembrance Day) de celebrar-se tal facto recorrendo a papoilas de papel (que são vendidas para apoiar os antigos combatentes - desta e de outras guerras). Isto deve-se a um poema do ex-combatente canadiano John McCrae (1872-1918), médico e tenente-coronel que, depois de enterrar um amigo, em 1915, escreveu o seguinte texto:In Flanders’ FieldsIn Flanders’ Fields the poppies blowBetween the crosses, row on row,That mark our place; and in the skyThe larks, still bravely singing, flyScarce heard amid the guns below.We are the dead. Short days agoWe lived, felt dawn, saw sunset glow,Loved, and were loved, and now we lieIn Flanders’ Fields.Take up our quarrel with the foe:To you from failing hands we throwThe torch; be yours to hold it high.If ye break faith with us who dieWe shall not sleep, though poppies growIn Flanders’ Fields.NOS CAMPOS DE FLANDRES - Tradução livreNos campos de Flandres crescem as papoilasE florescem entre as cruzes que, fila a fila,Marcam o nosso lugar; e, no céu,Voam as cotovias, que continuam corajosamente a cantar,Embora mal se ouça seu canto, por causa dos canhões.Estamos mortos... Ainda há poucos dias, vivos,sim, nós amávamos, nós éramos amados;sentíamos a aurora e víamos o poentea rebrilhar, e agora eis-nos, todos deitadosnos campos de Flandres.Continuai a nossa luta contra o inimigo;A nossa mão vacilante atira-vos o facho:mantende-o bem alto. Que, se a nossa vontade trairdes,nós, que morremos, não poderemos dormir,ainda mesmo que floresçam as papoilasnos campos de Flandres.Tradução/adaptação de Pedro LunaRecordemos então os mortos, incluindo o autor do poema (que faleceu de pneumónica e meningite, quase no final da Guerra) e o seu camarada de armas a quem dedicou a poesia, até porque é honrando os que lutaram (às vezes ingloriamente e por vezes sem ser ser por uma justa causa) que iremos recordar que a Guerra é sempre nefasta. E lembremos também a americana Moira Michael, que escreveu uma réplica ao poema e ajudou a perpetuar a celebração da data - Remembrance Day, Poppy Day ou Armistice Day, consoante o país - o nosso Dia do Armistício:Oh! You who sleep in Flanders’ fields,Sleep sweet – to rise anew;We caught the torch you threw;And holding high we keptThe faith with those who died.We cherish, too, the Poppy redThat grows on fields where valour led.It seems to signal to the skiesThat blood of heroes never dies,But lends a lustre to the redOf the flower that blooms above the deadIn Flanders’ Fields.And now the torch and poppy redWear in honour of our deadFear not that ye have died for naughtWe’ve learned the lesson that ye taughtIn Flanders’ Fields.


Quero hoje revelar um segredo: chamaram-me Fernando em homenagem a um tio-avô (Fernando Aguiar) que, antes de partir para a I Grande Guerra, casou com a matriarca da minha família paterna (a minha tia-avó Maria dos Prazeres - a madrinha Prazeres...). Voltou de lá gaseado e pouco viveu depois de regressar.Assim surgiram os Fernandos e Fernandas na família (eu tinha/tenho vários primos com esse nome, bem como uma tia Fernanda e um tio Fernando, este tendo morrido assassinado no Brasil). E é assim que a I Guerra Mundial, directa ou indirectamente, sempre que me interessou (até porque o meu avô Joaquim - o meu padrinho Joaquim - esteve para ir para o Contingente Português que lá lutou e só se safou porque o Presidente Sidónio Pais - que ele reverenciava, em conjunto com a família real portuguesa - impediu mais envios de tropas).Recordemos então que, hoje, data em se celebra os 89 anos desde que acabou essa tragédia mundial, há uma tradição anglo-saxónica (no Reino Unido, Austrália e, sobretudo, no Canadá, onde este é um dia muito especial, é conhecido como o Remembrance Day) de celebrar-se tal facto recorrendo a papoilas de papel (que são vendidas para apoiar os antigos combatentes - desta e de outras guerras). Isto deve-se a um poema do ex-combatente canadiano John McCrae (1872-1918), médico e tenente-coronel que, depois de enterrar um amigo, em 1915, escreveu o seguinte texto:In Flanders’ FieldsIn Flanders’ Fields the poppies blowBetween the crosses, row on row,That mark our place; and in the skyThe larks, still bravely singing, flyScarce heard amid the guns below.We are the dead. Short days agoWe lived, felt dawn, saw sunset glow,Loved, and were loved, and now we lieIn Flanders’ Fields.Take up our quarrel with the foe:To you from failing hands we throwThe torch; be yours to hold it high.If ye break faith with us who dieWe shall not sleep, though poppies growIn Flanders’ Fields.NOS CAMPOS DE FLANDRES - Tradução livreNos campos de Flandres crescem as papoilasE florescem entre as cruzes que, fila a fila,Marcam o nosso lugar; e, no céu,Voam as cotovias, que continuam corajosamente a cantar,Embora mal se ouça seu canto, por causa dos canhões.Estamos mortos... Ainda há poucos dias, vivos,sim, nós amávamos, nós éramos amados;sentíamos a aurora e víamos o poentea rebrilhar, e agora eis-nos, todos deitadosnos campos de Flandres.Continuai a nossa luta contra o inimigo;A nossa mão vacilante atira-vos o facho:mantende-o bem alto. Que, se a nossa vontade trairdes,nós, que morremos, não poderemos dormir,ainda mesmo que floresçam as papoilasnos campos de Flandres.Tradução/adaptação de Pedro LunaRecordemos então os mortos, incluindo o autor do poema (que faleceu de pneumónica e meningite, quase no final da Guerra) e o seu camarada de armas a quem dedicou a poesia, até porque é honrando os que lutaram (às vezes ingloriamente e por vezes sem ser ser por uma justa causa) que iremos recordar que a Guerra é sempre nefasta. E lembremos também a americana Moira Michael, que escreveu uma réplica ao poema e ajudou a perpetuar a celebração da data - Remembrance Day, Poppy Day ou Armistice Day, consoante o país - o nosso Dia do Armistício:Oh! You who sleep in Flanders’ fields,Sleep sweet – to rise anew;We caught the torch you threw;And holding high we keptThe faith with those who died.We cherish, too, the Poppy redThat grows on fields where valour led.It seems to signal to the skiesThat blood of heroes never dies,But lends a lustre to the redOf the flower that blooms above the deadIn Flanders’ Fields.And now the torch and poppy redWear in honour of our deadFear not that ye have died for naughtWe’ve learned the lesson that ye taughtIn Flanders’ Fields.

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