“Grupo Ángeles está disposto a aumentar a oferta pela ES Saúde”

13-09-2014
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“Grupo Ángeles está disposto a aumentar a oferta pela ES Saúde”

Gisa Martinho

gisa.martinho@economico.pt

05 Set 2014

Embaixador mexicano dá corpo a apoio político à proposta pela compra da empresa portuguesa.

Benito Andión não tem papas na língua. Em entrevista ao Diário Económico, o embaixador do México em Portugal reforça o apoio político do seu país à proposta da Ángeles para a compra da Espírito Santo Saúde, através da OPA em curso. Lembra a solidez do grupo comprador e diz mesmo que este, se preciso for, está disponível para melhorar o preço oferecido.

A oferta do grupo Ángeles pela ES Saúde pode ser o primeiro grande investimento mexicano em Portugal. É o arranque da diplomacia económica entre os dois países?

A entrada do grupo Ángeles é um separar das águas na diplomacia económica. Já houve outros investimentos mexicanos do grupo de Slim ou do Vitro. Fora isso não tinha havido grandes aventuras, o que se deve ao desconhecimento mútuo. Agora tem-se visto investimento mexicano, ainda que indirecto, a um nível que não se viu antes. Há uma redirecção do investimento mexicano para o exterior e é aí que queremos incluir Portugal. E não só nos sectores tradicionais. Um empresário mexicano acaba de comprar parte da Prisa, o grupo proprietário do El País.

Já tinha havido um interesse anterior do grupo Ángeles na ES Saúde?

Há um par de anos já tinha havido uma aproximação do grupo ao GES, Rioforte, e à própria Espírito Santo Saúde. Houve conversações mas não não um acordo definitivo. Durante a visita, em Junho, do presidente mexicano a Portugal, esteve aqui o presidente do grupo Ángeles e o convite original era para participar em negociações sobre investimentos na indústria turística.

Acredita num final feliz da OPA, quando se tem falado de uma alta probabilidade de existirem outras ofertas concorrentes?

Acreditamos que podem ter êxito porque estão dispostos, inclusive, a aumentar a sua oferta. Não é um interesse de um grupo empresarial de capital, que chega através de ‘hedge funds', e compram e vendem. Fala-se de outra OPA de uma empresa portuguesa também, mas parece que tem problemas de liquidez e estamos a falar de muito dinheiro. Esta é uma OPA amigável. Mas tem complicações adicionais, pela situação financeira do GES e Rioforte, pelas decisões no Luxemburgo, o que implica que o processo demorará algum tempo. É a primeira vez que o grupo Ángeles sai do México. O objectivo deles é de longo prazo, estabelecer uma relação verdadeira e profunda em Portugal. E, eventualmente, expandir-se na Península Ibérica. Não são um grupo de aventureiros.

A CMVM começou a avaliar as compras de acções feitas pelos administradores do grupo Ángeles antes do anúncio da OPA...

Nas consultas com especialistas jurídicos foi-nos dito que não há qualquer problema, em particular porque foram feitas em nome pessoal. Não foram compradas com intenção de fraude, nem enriquecimento ilícito.

Mas tinham informação privilegiada.

Os 3% de capital são insignificantes para um investimento de 400 milhões. Não foi com má fé. O investimento do grupo Ángeles não é só importante pelo montante - mais de 400 milhões de euros em ‘cash' -, mas porque atrás deles vem um ‘montão' de gente. Por ser um grupo muito sólido no México, todos diriam: ‘Se o grupo Ángeles vai, eu vou'.

O BES tinha operações no México, até que ponto o colapso do grupo teve impacto nas operações de financiamento no país?

Não são muito grandes. E eram operações sem risco, para financiar por exemplo obras de Mota-Engil que está muito solvente.

Como é que a crise no BES afectou a imagem do país lá fora?

A forma como se geriu só a fortalece, porque denota seriedade, transparência, disciplina e responsabilidade do Governo. Foi um exemplo. Não era a maior instituição bancária, mas a mais conhecida no mundo. Parece-me que se rompe com um paradigma na forma como antes os portugueses faziam negócios e como os fazem agora. A interpretação da embaixada, transmitida ao México, foi que o banco quebrou por má gestão, por falta de supervisão, sobretudo falta de supervisão.

“Grupo Ángeles está disposto a aumentar a oferta pela ES Saúde”

Gisa Martinho

gisa.martinho@economico.pt

05 Set 2014

Embaixador mexicano dá corpo a apoio político à proposta pela compra da empresa portuguesa.

Benito Andión não tem papas na língua. Em entrevista ao Diário Económico, o embaixador do México em Portugal reforça o apoio político do seu país à proposta da Ángeles para a compra da Espírito Santo Saúde, através da OPA em curso. Lembra a solidez do grupo comprador e diz mesmo que este, se preciso for, está disponível para melhorar o preço oferecido.

A oferta do grupo Ángeles pela ES Saúde pode ser o primeiro grande investimento mexicano em Portugal. É o arranque da diplomacia económica entre os dois países?

A entrada do grupo Ángeles é um separar das águas na diplomacia económica. Já houve outros investimentos mexicanos do grupo de Slim ou do Vitro. Fora isso não tinha havido grandes aventuras, o que se deve ao desconhecimento mútuo. Agora tem-se visto investimento mexicano, ainda que indirecto, a um nível que não se viu antes. Há uma redirecção do investimento mexicano para o exterior e é aí que queremos incluir Portugal. E não só nos sectores tradicionais. Um empresário mexicano acaba de comprar parte da Prisa, o grupo proprietário do El País.

Já tinha havido um interesse anterior do grupo Ángeles na ES Saúde?

Há um par de anos já tinha havido uma aproximação do grupo ao GES, Rioforte, e à própria Espírito Santo Saúde. Houve conversações mas não não um acordo definitivo. Durante a visita, em Junho, do presidente mexicano a Portugal, esteve aqui o presidente do grupo Ángeles e o convite original era para participar em negociações sobre investimentos na indústria turística.

Acredita num final feliz da OPA, quando se tem falado de uma alta probabilidade de existirem outras ofertas concorrentes?

Acreditamos que podem ter êxito porque estão dispostos, inclusive, a aumentar a sua oferta. Não é um interesse de um grupo empresarial de capital, que chega através de ‘hedge funds', e compram e vendem. Fala-se de outra OPA de uma empresa portuguesa também, mas parece que tem problemas de liquidez e estamos a falar de muito dinheiro. Esta é uma OPA amigável. Mas tem complicações adicionais, pela situação financeira do GES e Rioforte, pelas decisões no Luxemburgo, o que implica que o processo demorará algum tempo. É a primeira vez que o grupo Ángeles sai do México. O objectivo deles é de longo prazo, estabelecer uma relação verdadeira e profunda em Portugal. E, eventualmente, expandir-se na Península Ibérica. Não são um grupo de aventureiros.

A CMVM começou a avaliar as compras de acções feitas pelos administradores do grupo Ángeles antes do anúncio da OPA...

Nas consultas com especialistas jurídicos foi-nos dito que não há qualquer problema, em particular porque foram feitas em nome pessoal. Não foram compradas com intenção de fraude, nem enriquecimento ilícito.

Mas tinham informação privilegiada.

Os 3% de capital são insignificantes para um investimento de 400 milhões. Não foi com má fé. O investimento do grupo Ángeles não é só importante pelo montante - mais de 400 milhões de euros em ‘cash' -, mas porque atrás deles vem um ‘montão' de gente. Por ser um grupo muito sólido no México, todos diriam: ‘Se o grupo Ángeles vai, eu vou'.

O BES tinha operações no México, até que ponto o colapso do grupo teve impacto nas operações de financiamento no país?

Não são muito grandes. E eram operações sem risco, para financiar por exemplo obras de Mota-Engil que está muito solvente.

Como é que a crise no BES afectou a imagem do país lá fora?

A forma como se geriu só a fortalece, porque denota seriedade, transparência, disciplina e responsabilidade do Governo. Foi um exemplo. Não era a maior instituição bancária, mas a mais conhecida no mundo. Parece-me que se rompe com um paradigma na forma como antes os portugueses faziam negócios e como os fazem agora. A interpretação da embaixada, transmitida ao México, foi que o banco quebrou por má gestão, por falta de supervisão, sobretudo falta de supervisão.

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