Parece que debater a tortura em Portugal não é tão absurdo quando isso. Três inspectores da PJ acusados de um crime de tortura. O mediático Gonçalo Amaral, que queria ser ouvido por Oprah Winfrey sobre o caso Maddie, foi condenado por falsidade de depoimento. O tribunal considerou provado que Leonor Cipriano foi agredida nas instalações da PJ, mas não conseguiu identificar os autores das agressões que terá sofrido na sequência de um brutal interrogatório da PJ. Porque demonstrado ficou que as agressões não podem ter sido consequência de uma simples queda nas escadas.Numa altura em que a denúncia da tortura levada a cabo sob a Administração Bush com os detidos em Guantanamo irrita os detractores lusos de Barack Obama, e se defende que todos os países praticam e praticarão tortura, eu continuo a perguntar se é razoável - e para mim a tortura é condenável em todas as circunstâncias - que se espanque uma pessoa indefesa, com o o intuito de obter uma informação. Seja ela a potencial assassina da própria filha, ou o mais perigoso terrorista. Porque todo o abusar físico e violento de alguém para obter algo em troca é uma violação de direitos humanos. Isto não pretende ser uma reclamação de que: tinha razão!, pretende apenas recordar que quando descrevi aqui, a defesa que algumas pessoas fizeram em Portugal de métodos de interrogatório baseados em tortura, como neste texto de Nuno Gouveia, neste texto de Maria João Marques, nesta peça de Luciano Amaral, e nesta de Filipe Nunes Vicente, ou neste reforço em que Maria João Marques alega que a tortura não deve "na medida do possível", pôr em causa a saúde dos detidos, algumas pessoas reclamaram serem circunstâncias excepcionais. Eu não vejo que circunstâncias excepcionais possam existir no uso destes métodos. Ademais, o Supremo Tribunal Americano equiparou os detidos a cidadãos americanos, e se eram prisioneiros de guerra havia uma Convenção de Genebra.Mas acima de tudo, preocupou-me o difundir de uma ideologia baseada na coacção física por forças policiais. Nenhuma das pessoas acima se arrependeu. O Filipe Nunes Vicente ainda me dedidiu caluniar em resposta. Aparentemente, a defesa de Bush e o ataque a Obama envolvia a defesa das práticas mais bárbaras. Só que a propagação da ideologia da tortura como válida, leva o país a estar mais preocupado com Marinho Pinto e Manuela Moura Guedes, do que com Leonor Cipriano. Com notórioas excepções. Desde o início, o João Galamba e Luís Raínha denunciaram o texto inicial. Várias pessoas manifestaram pela internet a sua solidariedade. E a todas, em nome da luta contra a tortura eu agradeço.Mas sejamos claros. Como bem nota o Paulo Ferreira, e agora nem faz nada? Eu gostava de colocar aos defensores da tortura em Guantanamo, a pergunta: era Leonor Cipriano uma ameaça nacional? [Já que esse argumento usaram] Permitiu o espancamento dela salvar vidas? Ou é simplesmente uma cultura de brutalidade policiária que urge combater? Como diz o Paulo, Cavaco não diz nada? Nem os sindicatoa de magistrados? Nem a PGR?Não sei se esta mulher matou a filha. Sei que sou contra a pena de morte e contra o abuso físico de detidos para obter confissões. Pelos vistos Guantanamos fica já ali ao lado. Obrigado à Maria João Pires, ao Jorge Soares, ao Filipe Tourais e a outros que não tenham deixado isto passar em branco.
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Parece que debater a tortura em Portugal não é tão absurdo quando isso. Três inspectores da PJ acusados de um crime de tortura. O mediático Gonçalo Amaral, que queria ser ouvido por Oprah Winfrey sobre o caso Maddie, foi condenado por falsidade de depoimento. O tribunal considerou provado que Leonor Cipriano foi agredida nas instalações da PJ, mas não conseguiu identificar os autores das agressões que terá sofrido na sequência de um brutal interrogatório da PJ. Porque demonstrado ficou que as agressões não podem ter sido consequência de uma simples queda nas escadas.Numa altura em que a denúncia da tortura levada a cabo sob a Administração Bush com os detidos em Guantanamo irrita os detractores lusos de Barack Obama, e se defende que todos os países praticam e praticarão tortura, eu continuo a perguntar se é razoável - e para mim a tortura é condenável em todas as circunstâncias - que se espanque uma pessoa indefesa, com o o intuito de obter uma informação. Seja ela a potencial assassina da própria filha, ou o mais perigoso terrorista. Porque todo o abusar físico e violento de alguém para obter algo em troca é uma violação de direitos humanos. Isto não pretende ser uma reclamação de que: tinha razão!, pretende apenas recordar que quando descrevi aqui, a defesa que algumas pessoas fizeram em Portugal de métodos de interrogatório baseados em tortura, como neste texto de Nuno Gouveia, neste texto de Maria João Marques, nesta peça de Luciano Amaral, e nesta de Filipe Nunes Vicente, ou neste reforço em que Maria João Marques alega que a tortura não deve "na medida do possível", pôr em causa a saúde dos detidos, algumas pessoas reclamaram serem circunstâncias excepcionais. Eu não vejo que circunstâncias excepcionais possam existir no uso destes métodos. Ademais, o Supremo Tribunal Americano equiparou os detidos a cidadãos americanos, e se eram prisioneiros de guerra havia uma Convenção de Genebra.Mas acima de tudo, preocupou-me o difundir de uma ideologia baseada na coacção física por forças policiais. Nenhuma das pessoas acima se arrependeu. O Filipe Nunes Vicente ainda me dedidiu caluniar em resposta. Aparentemente, a defesa de Bush e o ataque a Obama envolvia a defesa das práticas mais bárbaras. Só que a propagação da ideologia da tortura como válida, leva o país a estar mais preocupado com Marinho Pinto e Manuela Moura Guedes, do que com Leonor Cipriano. Com notórioas excepções. Desde o início, o João Galamba e Luís Raínha denunciaram o texto inicial. Várias pessoas manifestaram pela internet a sua solidariedade. E a todas, em nome da luta contra a tortura eu agradeço.Mas sejamos claros. Como bem nota o Paulo Ferreira, e agora nem faz nada? Eu gostava de colocar aos defensores da tortura em Guantanamo, a pergunta: era Leonor Cipriano uma ameaça nacional? [Já que esse argumento usaram] Permitiu o espancamento dela salvar vidas? Ou é simplesmente uma cultura de brutalidade policiária que urge combater? Como diz o Paulo, Cavaco não diz nada? Nem os sindicatoa de magistrados? Nem a PGR?Não sei se esta mulher matou a filha. Sei que sou contra a pena de morte e contra o abuso físico de detidos para obter confissões. Pelos vistos Guantanamos fica já ali ao lado. Obrigado à Maria João Pires, ao Jorge Soares, ao Filipe Tourais e a outros que não tenham deixado isto passar em branco.