Um pé dentro e outro fora?
Só me posso sentir honrado pela atenção que o Paulo Pedroso me dedicou no seu blogue (Banco Corrido). A acusação que me faz de ter uma “relação meramente táctica e exterior” com o PS ou de escrever com “um pé dentro e outro fora” do partido é, afinal, a mesma (salvo as devidas distâncias) com que Manuel Alegre tem sido brindado pela actual direcção do partido. No que me diz respeito, satisfaz-me saber que alguns ecos daquilo que escrevo podem chegar ao interior do PS, ainda por cima pela mão de tão ilustre militante e deputado. A minha resposta é a de quem não tem, não teve, nem espera vir a ter quaisquer responsabilidades político-partidárias dentro do PS. Não sei bem o que é estar “com um pé dentro e outro fora” do partido, mas sei que dentro do PS não estou só (e em Guimarães estávamos por sinal do mesmo lado). Acredito até que em alguns momentos as vozes de fora exprimem melhor alguns silêncios de dentro. Como acontece com milhares de socialistas, a minha ligação ao PS é – sobretudo nos últimos anos de governo Sócrates – a de um militante crítico das políticas e do funcionamento do partido. Tal como o Paulo, subscrevo os princípios, valores políticos e a tradição republicana e social-democrata do PS. É por isso que sou filiado. Mas a prática política deste governo está longe de me satisfazer como socialista, muito pelo contrário. A nível do funcionamento orgânico do partido, é o que todos sabemos. Lamento que no PS não haja debate e que as figuras de esquerda do partido, inclusive as que iniciaram o ciclo socrático com uma postura critica em relação ao seu “pragmatismo centrista”, se fossem progressivamente calando e acomodando. Incomoda-me saber que há deputados a mandar calar outros camaradas (ou a mandá-los sair) por discordarem de certas políticas e por serem irreverentes no sentido de voto. Mas fico feliz por constatar que PP respeita profundamente a reflexão estimulada por Manuel Alegre, tendo em vista uma renovação programática do PS que trave o desvio “excessivamente centrista” do partido. Eu diria, que inverta as políticas, pelo menos em alguns sectores vitais.Vamos ver se a moção será coerente com a realidade e se o tal "limite" de PP virá ou não a ser posto à prova...
É justamente para essa renovação que tenho tentado contribuir – falando para dentro e para fora do partido, porque não estou tão próximo das instâncias dirigentes... – para que o PS seja (não excessiva nem moderadamente..., mas apenas que seja, como foi no passado) um partido de esquerda. Admiro os que resistem por dentro, mas sou céptico em relação a tacticismos que se pautam pela permanente anuência e consentimento. Apesar do meu pessimismo em relação à renovação interna, não duvido que ela só ocorrerá se o PS olhar mais para fora e menos para o seu umbigo. E se vier a arrepiar caminho no corrente ano, ou é por mera necessidade eleitoral ou é porque reconhece razão aos críticos e aos "desavindos" que falaram de fora! Veremos o que acontecerá lá mais para o final de 2009.
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Um pé dentro e outro fora?
Só me posso sentir honrado pela atenção que o Paulo Pedroso me dedicou no seu blogue (Banco Corrido). A acusação que me faz de ter uma “relação meramente táctica e exterior” com o PS ou de escrever com “um pé dentro e outro fora” do partido é, afinal, a mesma (salvo as devidas distâncias) com que Manuel Alegre tem sido brindado pela actual direcção do partido. No que me diz respeito, satisfaz-me saber que alguns ecos daquilo que escrevo podem chegar ao interior do PS, ainda por cima pela mão de tão ilustre militante e deputado. A minha resposta é a de quem não tem, não teve, nem espera vir a ter quaisquer responsabilidades político-partidárias dentro do PS. Não sei bem o que é estar “com um pé dentro e outro fora” do partido, mas sei que dentro do PS não estou só (e em Guimarães estávamos por sinal do mesmo lado). Acredito até que em alguns momentos as vozes de fora exprimem melhor alguns silêncios de dentro. Como acontece com milhares de socialistas, a minha ligação ao PS é – sobretudo nos últimos anos de governo Sócrates – a de um militante crítico das políticas e do funcionamento do partido. Tal como o Paulo, subscrevo os princípios, valores políticos e a tradição republicana e social-democrata do PS. É por isso que sou filiado. Mas a prática política deste governo está longe de me satisfazer como socialista, muito pelo contrário. A nível do funcionamento orgânico do partido, é o que todos sabemos. Lamento que no PS não haja debate e que as figuras de esquerda do partido, inclusive as que iniciaram o ciclo socrático com uma postura critica em relação ao seu “pragmatismo centrista”, se fossem progressivamente calando e acomodando. Incomoda-me saber que há deputados a mandar calar outros camaradas (ou a mandá-los sair) por discordarem de certas políticas e por serem irreverentes no sentido de voto. Mas fico feliz por constatar que PP respeita profundamente a reflexão estimulada por Manuel Alegre, tendo em vista uma renovação programática do PS que trave o desvio “excessivamente centrista” do partido. Eu diria, que inverta as políticas, pelo menos em alguns sectores vitais.Vamos ver se a moção será coerente com a realidade e se o tal "limite" de PP virá ou não a ser posto à prova...
É justamente para essa renovação que tenho tentado contribuir – falando para dentro e para fora do partido, porque não estou tão próximo das instâncias dirigentes... – para que o PS seja (não excessiva nem moderadamente..., mas apenas que seja, como foi no passado) um partido de esquerda. Admiro os que resistem por dentro, mas sou céptico em relação a tacticismos que se pautam pela permanente anuência e consentimento. Apesar do meu pessimismo em relação à renovação interna, não duvido que ela só ocorrerá se o PS olhar mais para fora e menos para o seu umbigo. E se vier a arrepiar caminho no corrente ano, ou é por mera necessidade eleitoral ou é porque reconhece razão aos críticos e aos "desavindos" que falaram de fora! Veremos o que acontecerá lá mais para o final de 2009.