O Amigo do Povo: O El País, o grupo PRISA e o Portugal.

21-01-2011
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O El País publicou hoje um editorial sobre a vitória do “SIM” no referendo ao aborto ocorrido no passado Domingo aqui no burgo. O texto, que tudo diz sobre o seu autor mas nada sobre Portugal, é, em grande medida, um arrazoado de disparates, de lugares comuns, uma evocação da lenda negra sobre os efeitos nefastos do catolicismo, de ignorância sobre a lei em vigor (que aparece inspirada na espanhola) e, já agora, sobre a substância ideológica do espectro partidário português – nomeadamente ao classificar-se o inócuo CDS/PP como um partido de “ultra-direita.” Isto ao mesmo tempo que os distritos em que ganhou o “SIM” com uma grande margem, como os de Évora, Beja, Setúbal e Faro, são considerados implicitamente como os política e ideologicamente mais avançados de Portugal.Há já muito tempo que deixei de dar importância à amplíssima gama de periódicos, estações de rádio e de TV detidos pelo grupo PRISA em Espanha e ao qual o El País pertence. O jornalismo de causas é-me indiferente (aprecio-o quando tem qualidade e o jornalismo do grupo PRISA genericamente não tem), mas aborrece-me quando é mau e, já agora, quando quer ser vendido sob a capa da independência e da isenção. O grupo PRISA é hoje, mais do que nunca, e vá-se lá saber como e porque razões, um prolongamento de uma parte do PSOE. É ainda um instrumento mais de oposição deste e do Governo Zapatero ao Partido Popular espanhol, além de um parceiro na estratégia de aproximação à ETA e aos nacionalismos históricos de Espanha. Mas como não são de hoje os favores prestados pelo grupo PRISA ao PSOE, este, imediatamente depois de ter chegado ao poder, ofereceu ao grupo PRISA uma muito desejada licença de televisão em sinal aberto.De qualquer forma, trago aqui o estilo, e o que me parece ser a subjectividade, a ignorância e os lugares comuns do editorial "linkado" acima, além dum retrato parcial daquilo que politicamente é o grupo PRISA, pelo simples facto de ter o dito grupo comprado não apenas a TVI mas, também, o Rádio Clube Português e outros media que pertenciam, ao menos formalmente, a Pais do Amaral. Se na TVI o impacte político-ideológico da compra ainda não se nota no rumo tomado pela informação, já no Rádio Clube Português os resultados, com a nova grelha posta em marcha há uma ou duas semanas sob o comando do grande líder Luís Osório e sob a batuta matinal de João Adelino Faria, são interessantes. Longe de desprezar a estação, apesar dos percalços diários e dos muitos erros de "casting", de lhe louvar programas e apontamentos, a verdade é que ela tem uma agenda política que não é nem independente nem isenta. É de causas e é de esquerda, estando para o PS e este Governo como a TSF está para o Bloco de Esquerda há vários anos. E isto convém ser dito porque não tenho memória de que em Portugal, e nos últimos trinta anos, o jornalismo político tenha dado dinheiro a quem investe.

O El País publicou hoje um editorial sobre a vitória do “SIM” no referendo ao aborto ocorrido no passado Domingo aqui no burgo. O texto, que tudo diz sobre o seu autor mas nada sobre Portugal, é, em grande medida, um arrazoado de disparates, de lugares comuns, uma evocação da lenda negra sobre os efeitos nefastos do catolicismo, de ignorância sobre a lei em vigor (que aparece inspirada na espanhola) e, já agora, sobre a substância ideológica do espectro partidário português – nomeadamente ao classificar-se o inócuo CDS/PP como um partido de “ultra-direita.” Isto ao mesmo tempo que os distritos em que ganhou o “SIM” com uma grande margem, como os de Évora, Beja, Setúbal e Faro, são considerados implicitamente como os política e ideologicamente mais avançados de Portugal.Há já muito tempo que deixei de dar importância à amplíssima gama de periódicos, estações de rádio e de TV detidos pelo grupo PRISA em Espanha e ao qual o El País pertence. O jornalismo de causas é-me indiferente (aprecio-o quando tem qualidade e o jornalismo do grupo PRISA genericamente não tem), mas aborrece-me quando é mau e, já agora, quando quer ser vendido sob a capa da independência e da isenção. O grupo PRISA é hoje, mais do que nunca, e vá-se lá saber como e porque razões, um prolongamento de uma parte do PSOE. É ainda um instrumento mais de oposição deste e do Governo Zapatero ao Partido Popular espanhol, além de um parceiro na estratégia de aproximação à ETA e aos nacionalismos históricos de Espanha. Mas como não são de hoje os favores prestados pelo grupo PRISA ao PSOE, este, imediatamente depois de ter chegado ao poder, ofereceu ao grupo PRISA uma muito desejada licença de televisão em sinal aberto.De qualquer forma, trago aqui o estilo, e o que me parece ser a subjectividade, a ignorância e os lugares comuns do editorial "linkado" acima, além dum retrato parcial daquilo que politicamente é o grupo PRISA, pelo simples facto de ter o dito grupo comprado não apenas a TVI mas, também, o Rádio Clube Português e outros media que pertenciam, ao menos formalmente, a Pais do Amaral. Se na TVI o impacte político-ideológico da compra ainda não se nota no rumo tomado pela informação, já no Rádio Clube Português os resultados, com a nova grelha posta em marcha há uma ou duas semanas sob o comando do grande líder Luís Osório e sob a batuta matinal de João Adelino Faria, são interessantes. Longe de desprezar a estação, apesar dos percalços diários e dos muitos erros de "casting", de lhe louvar programas e apontamentos, a verdade é que ela tem uma agenda política que não é nem independente nem isenta. É de causas e é de esquerda, estando para o PS e este Governo como a TSF está para o Bloco de Esquerda há vários anos. E isto convém ser dito porque não tenho memória de que em Portugal, e nos últimos trinta anos, o jornalismo político tenha dado dinheiro a quem investe.

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