(Paródia do episódio Inês de Castro dos "Lusíadas")Estavam os mercados em sossegodos seus juros colhendo doce frutonaquele encanto de alma ledo e cegoque o Centeno não deixa durar muito;as bolsas escalando com apego,os olhos das agências bem enxutos,saltando e sorrindo sem cuidado:mas eis que Portugal tem outro fado!Dos bancos alemães te respondiamAs lembranças que os créditos duravam,Que sempre ante teus olhos te traziam,Quando dos seus formosos se apartavam;De noite, em doces ratings que mentiam,De dia, em orçamentos que voavam;E quanto, enfim, cuidava e quanto viaEram tudo memórias de alegria.De outras vãs políticas francesasOu de Keynes ciência vil enjeita,Que tu, enfim, só o mercado prezasPois seu gesto suave te sujeita.Vendo outras namoradas estranhezas,O Teutão sesudo, que rejeitaO murmurar do povo e a fantasiaDo pobre que a ruína não queriaTirar Centeno ao mundo determina,Por lhe tirar o juro que tem preso,Crendo co sangue só da morte indinaMatar da rebeldia o fogo aceso.Que furor consentiu que a espada finaQue pôde sustentar o grande pesoDo furor Boche, fosse alevantadaContra ua fraca pátria delicada?Traziam-a os horríficos algozesÀ Comissão, movida a piedade;O alemão, com falsas e ferozesRazões, à morte crua os persuade.As espadas banhando, e os atrozesDéfices de mentira e de verdadeSe encarniçavam, férvidos e irosos,No futuro castigo não cuidosos. Poema de Luis Filipe Castro Mendes (poeta, embaixador, mas sobretudo meu velho, querido e sintonizado amigo)
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(Paródia do episódio Inês de Castro dos "Lusíadas")Estavam os mercados em sossegodos seus juros colhendo doce frutonaquele encanto de alma ledo e cegoque o Centeno não deixa durar muito;as bolsas escalando com apego,os olhos das agências bem enxutos,saltando e sorrindo sem cuidado:mas eis que Portugal tem outro fado!Dos bancos alemães te respondiamAs lembranças que os créditos duravam,Que sempre ante teus olhos te traziam,Quando dos seus formosos se apartavam;De noite, em doces ratings que mentiam,De dia, em orçamentos que voavam;E quanto, enfim, cuidava e quanto viaEram tudo memórias de alegria.De outras vãs políticas francesasOu de Keynes ciência vil enjeita,Que tu, enfim, só o mercado prezasPois seu gesto suave te sujeita.Vendo outras namoradas estranhezas,O Teutão sesudo, que rejeitaO murmurar do povo e a fantasiaDo pobre que a ruína não queriaTirar Centeno ao mundo determina,Por lhe tirar o juro que tem preso,Crendo co sangue só da morte indinaMatar da rebeldia o fogo aceso.Que furor consentiu que a espada finaQue pôde sustentar o grande pesoDo furor Boche, fosse alevantadaContra ua fraca pátria delicada?Traziam-a os horríficos algozesÀ Comissão, movida a piedade;O alemão, com falsas e ferozesRazões, à morte crua os persuade.As espadas banhando, e os atrozesDéfices de mentira e de verdadeSe encarniçavam, férvidos e irosos,No futuro castigo não cuidosos. Poema de Luis Filipe Castro Mendes (poeta, embaixador, mas sobretudo meu velho, querido e sintonizado amigo)