GNR, SGIF, AFN, EMEIF… – ou como sacudir a água do capote numa história muito mal contada

15-12-2017
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GNR, SGIF, AFN, EMEIF… – ou como sacudir a água do capote numa história muito mal contada

«Relatório interno da GNR denuncia alegadas alterações nos dados sobre incêndios e área ardida em 2007 e 2008» PÚBLICO

Entre tanta sigla, acusações a desconhecidos e jogos do empurra não se percebe nada:

I) «A A GNR revela no seu relatório Operação Floresta Segura 2008 que os dados sobre os incêndios e a área ardida em 2007 e 2008, que foram inscritos no Sistema de Gestão de Informação dos Incêndios Florestais (SGIF), foram “alterados por desconhecidos”, embora não apresente uma contabilidade das alegadas alterações.» MAS DESCONHECIDOS DE QUEM? QUEM TEM ACESSO AO SGIF? FOI UM LADRÃO QUE SE DIVERTIU A COLOCAR OUTROS NÚMEROS?

II) «O documento, a que a agência Lusa teve acesso, nota que durante a “campanha de 2007 vários oficiais de ligação nos comandos distritais de operações de socorro informaram que os dados carregados pelas equipas de manutenção e exploração de informação florestal [EMEIF] apareciam alterados por desconhecidos” no SIGF, um sistema cujos conteúdos e actualização são também da responsabilidade da Guarda.» E ESTAS EQUIPAS DE de manutenção e exploração de informação florestal [EMEIF] QUE COLOCAM DADOS DIFERENTE NO SGIF DEPENDEM DE QUEM?

III) «De acordo com dados oficiais, em 2007 foram registados 18.732 fogos e contabilizada uma área destruída de 31.450 hectares; no ano passado, o total de incêndios diminuiu para 13.832 e foram consumidos pelos fogos 17.244 hectares. No mesmo relatório, a GNR acusa a Autoridade Florestal Nacional (ANF) de ter tentado “substituir ocorrências no SGIF, passando-as para queimadas”. E aponta que em 2007/2008 se verificaram “algumas alterações à primeira localização de incêndios e à área ardida inicialmente introduzida”. Os alertas fornecidos pelos postos de vigia não terão sido contabilizados no SGIF, denuncia a GNR, que afirma ter registado 3194 alertas transmitidos pelos postos.» É então a Autoridade Florestal Nacional que se esconde por trás dos tais desconhecidos que a GNR acusa de alterarem os dados?

IV) «Lê-se ainda no documento que no SGIF encontram-se diversas ocorrências que “não são consideradas incêndio florestal, por terem ocorrido em espaços urbanos ou porque o que ardeu é irrisório”. Isto acontece “para se tentar justificar as saídas dos meios de combate”, já que face a incêndios em espaço urbano “não há lugar a pagamento do serviço”.» NÃO HÁ LUGAR A PAGAMENTOS DE SERVIÇO A QUEM? OU SEJA OS ALGUÉNS DESCONHECIDOS TENTAM ALTERAR A TIPOLOGIA DOS FOGOS PARA JUSTIFICAR OU INJUSTIFICAR DESPESA?

V) «Perante estas acusações, o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, contactado pela Lusa, garantiu que os documentos provisórios e finais sobre incêndios e área ardida apresentados pela AFN “são completamente fiáveis, correctos e não podem ser atacados na sua validade”. O ministério, que tutela a AFN, explicou ainda que “os alertas são registados pela estrutura da GNR e são completamente fiáveis”, sublinhando que o SGIF recebe dados provenientes de três entidades: a AFN, GNR e Autoridade Nacional de Protecção Civil.» Mas quais é que são fiáveis “os alertas são registados pela estrutura da GNR” ou os dados da AFN?

VI) «Ontem, ao final da tarde, o porta-voz do comando-geral da GNR, Costa Lima, amenizou as acusações do relatório, afirmando que a expressão “alterados por desconhecidos” é uma “forma técnica” para explicar que, “como há muitas pessoas a introduzir informações, estas tiveram necessidade de alterar os dados para se chegar a um número correcto e real da área ardida”. Costa Lima referiu que o documento foi elaborado há sete meses, para orientação interna e destinado a detectar fragilidades, “algumas delas dentro da GNR”. “Muitas das coisas que estavam consignadas já foram até corrigidas. [O relatório] está completamente fora de tempo.” O PÚBLICO tentou contactar Costa Lima, mas até ao fecho desta edição isso não foi possível.» MAS O NÚMERO CORRECTO RESULTA DOS DADOS OU ESSE NÚMERO É UMA PREMISSA PRÉVIA EM FUNÇÃO DA QUAL SE ALTERAM OS DADOS?

VII) «Algumas horas antes desta explicação, o secretário de Estado das Florestas, Ascenso Simões, frisou que o MAI, que tutela esta força de segurança, deveria avaliar as alegadas denúncias da Guarda. Por seu lado, o MAI, numa nota enviada ao PÚBLICO pelo secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros, remeteu as explicações para as declarações de Costa Lima e disse não ter dúvidas sobre “o rigor e a fiabilidade dos dados sobre a área ardida” em 2007 e 2008.» MAS QUAIS DADOS? OS DA GNR? OS DA AFN?

GNR, SGIF, AFN, EMEIF… – ou como sacudir a água do capote numa história muito mal contada

«Relatório interno da GNR denuncia alegadas alterações nos dados sobre incêndios e área ardida em 2007 e 2008» PÚBLICO

Entre tanta sigla, acusações a desconhecidos e jogos do empurra não se percebe nada:

I) «A A GNR revela no seu relatório Operação Floresta Segura 2008 que os dados sobre os incêndios e a área ardida em 2007 e 2008, que foram inscritos no Sistema de Gestão de Informação dos Incêndios Florestais (SGIF), foram “alterados por desconhecidos”, embora não apresente uma contabilidade das alegadas alterações.» MAS DESCONHECIDOS DE QUEM? QUEM TEM ACESSO AO SGIF? FOI UM LADRÃO QUE SE DIVERTIU A COLOCAR OUTROS NÚMEROS?

II) «O documento, a que a agência Lusa teve acesso, nota que durante a “campanha de 2007 vários oficiais de ligação nos comandos distritais de operações de socorro informaram que os dados carregados pelas equipas de manutenção e exploração de informação florestal [EMEIF] apareciam alterados por desconhecidos” no SIGF, um sistema cujos conteúdos e actualização são também da responsabilidade da Guarda.» E ESTAS EQUIPAS DE de manutenção e exploração de informação florestal [EMEIF] QUE COLOCAM DADOS DIFERENTE NO SGIF DEPENDEM DE QUEM?

III) «De acordo com dados oficiais, em 2007 foram registados 18.732 fogos e contabilizada uma área destruída de 31.450 hectares; no ano passado, o total de incêndios diminuiu para 13.832 e foram consumidos pelos fogos 17.244 hectares. No mesmo relatório, a GNR acusa a Autoridade Florestal Nacional (ANF) de ter tentado “substituir ocorrências no SGIF, passando-as para queimadas”. E aponta que em 2007/2008 se verificaram “algumas alterações à primeira localização de incêndios e à área ardida inicialmente introduzida”. Os alertas fornecidos pelos postos de vigia não terão sido contabilizados no SGIF, denuncia a GNR, que afirma ter registado 3194 alertas transmitidos pelos postos.» É então a Autoridade Florestal Nacional que se esconde por trás dos tais desconhecidos que a GNR acusa de alterarem os dados?

IV) «Lê-se ainda no documento que no SGIF encontram-se diversas ocorrências que “não são consideradas incêndio florestal, por terem ocorrido em espaços urbanos ou porque o que ardeu é irrisório”. Isto acontece “para se tentar justificar as saídas dos meios de combate”, já que face a incêndios em espaço urbano “não há lugar a pagamento do serviço”.» NÃO HÁ LUGAR A PAGAMENTOS DE SERVIÇO A QUEM? OU SEJA OS ALGUÉNS DESCONHECIDOS TENTAM ALTERAR A TIPOLOGIA DOS FOGOS PARA JUSTIFICAR OU INJUSTIFICAR DESPESA?

V) «Perante estas acusações, o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, contactado pela Lusa, garantiu que os documentos provisórios e finais sobre incêndios e área ardida apresentados pela AFN “são completamente fiáveis, correctos e não podem ser atacados na sua validade”. O ministério, que tutela a AFN, explicou ainda que “os alertas são registados pela estrutura da GNR e são completamente fiáveis”, sublinhando que o SGIF recebe dados provenientes de três entidades: a AFN, GNR e Autoridade Nacional de Protecção Civil.» Mas quais é que são fiáveis “os alertas são registados pela estrutura da GNR” ou os dados da AFN?

VI) «Ontem, ao final da tarde, o porta-voz do comando-geral da GNR, Costa Lima, amenizou as acusações do relatório, afirmando que a expressão “alterados por desconhecidos” é uma “forma técnica” para explicar que, “como há muitas pessoas a introduzir informações, estas tiveram necessidade de alterar os dados para se chegar a um número correcto e real da área ardida”. Costa Lima referiu que o documento foi elaborado há sete meses, para orientação interna e destinado a detectar fragilidades, “algumas delas dentro da GNR”. “Muitas das coisas que estavam consignadas já foram até corrigidas. [O relatório] está completamente fora de tempo.” O PÚBLICO tentou contactar Costa Lima, mas até ao fecho desta edição isso não foi possível.» MAS O NÚMERO CORRECTO RESULTA DOS DADOS OU ESSE NÚMERO É UMA PREMISSA PRÉVIA EM FUNÇÃO DA QUAL SE ALTERAM OS DADOS?

VII) «Algumas horas antes desta explicação, o secretário de Estado das Florestas, Ascenso Simões, frisou que o MAI, que tutela esta força de segurança, deveria avaliar as alegadas denúncias da Guarda. Por seu lado, o MAI, numa nota enviada ao PÚBLICO pelo secretário de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros, remeteu as explicações para as declarações de Costa Lima e disse não ter dúvidas sobre “o rigor e a fiabilidade dos dados sobre a área ardida” em 2007 e 2008.» MAS QUAIS DADOS? OS DA GNR? OS DA AFN?

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