O Município de Lisboa viveu tempos atribulados quando a Câmara era presidida por Santana Lopes e, depois, por Carmona Rodrigues, que esmagou, sem saber ler nem escrever, um Carrilho que confundiu o mundo da Caras com a Madragoa. As trapalhadas em torno dos terrenos da antiga Feira Popular e do Parque Mayer arrastaram-se anos a fio e provocaram a queda do executivo camarário presidido por Carmona Rodrigues. Após ter vencido as eleições intercalares de 2007, António Costa procurou arranjar uma solução para a herança que recebeu dos executivos santanistas. Chegou finalmente a acordo com a Bragaparques em Janeiro de 2014, restituindo à empresa 101,6 milhões de euros que ela despendeu com a aquisição de ambos os espaços. Hoje, mais de oito meses depois de aprovado o acordo, o Correio da Manha chama, sem vir a propósito de nada, o assunto à primeira página, assim a modos de que prepara o leitor para mais um extraordinário exclusivo à moda da casa: abeirando-se de uma janela dos Paços do Concelho, António Costa terá desatado a lançar sacos de notas para as mãos do tal Névoa — como se o santanismo nunca tivesse existido. A «notícia» do Correio da Manha surge um dia depois de António Costa ter suspendido a sua colaboração no pasquim durante a campanha interna no PS. Escrevia ontem o próximo secretário-geral do PS: «Mas mesmo não utilizando esta página como plataforma de campanha, não quero sujeitar o jornal à suspeição de parcialidade. Estou reconhecido ao diretor pelo convite para escrever no jornal mais lido em Portugal e pela forma como nos temos relacionado. Mas é importante para todos que conservemos as distâncias que garantem a independência mútua.» A reacção do pasquim não poderia ter sido mais fulminante: não se importa de se sujeitar à «suspeição de parcialidade». Assume-a. A besta não pode ser tratada com paninhos quentes. É uma lição para António Costa.
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O Município de Lisboa viveu tempos atribulados quando a Câmara era presidida por Santana Lopes e, depois, por Carmona Rodrigues, que esmagou, sem saber ler nem escrever, um Carrilho que confundiu o mundo da Caras com a Madragoa. As trapalhadas em torno dos terrenos da antiga Feira Popular e do Parque Mayer arrastaram-se anos a fio e provocaram a queda do executivo camarário presidido por Carmona Rodrigues. Após ter vencido as eleições intercalares de 2007, António Costa procurou arranjar uma solução para a herança que recebeu dos executivos santanistas. Chegou finalmente a acordo com a Bragaparques em Janeiro de 2014, restituindo à empresa 101,6 milhões de euros que ela despendeu com a aquisição de ambos os espaços. Hoje, mais de oito meses depois de aprovado o acordo, o Correio da Manha chama, sem vir a propósito de nada, o assunto à primeira página, assim a modos de que prepara o leitor para mais um extraordinário exclusivo à moda da casa: abeirando-se de uma janela dos Paços do Concelho, António Costa terá desatado a lançar sacos de notas para as mãos do tal Névoa — como se o santanismo nunca tivesse existido. A «notícia» do Correio da Manha surge um dia depois de António Costa ter suspendido a sua colaboração no pasquim durante a campanha interna no PS. Escrevia ontem o próximo secretário-geral do PS: «Mas mesmo não utilizando esta página como plataforma de campanha, não quero sujeitar o jornal à suspeição de parcialidade. Estou reconhecido ao diretor pelo convite para escrever no jornal mais lido em Portugal e pela forma como nos temos relacionado. Mas é importante para todos que conservemos as distâncias que garantem a independência mútua.» A reacção do pasquim não poderia ter sido mais fulminante: não se importa de se sujeitar à «suspeição de parcialidade». Assume-a. A besta não pode ser tratada com paninhos quentes. É uma lição para António Costa.