Diferenças entre PSOE e Podemos põem em perigo a investidura de Sanchéz

06-11-2019
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A possibilidade de um Governo de coligação entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda) e a aliança Unidas Podemos, (UP, esquerda populista) ficou mais remota esta terça-feira. Após o duro confronto entre os líderes dessas formações políticas, respetivamente Pedro Sánchez e Pablo Iglesias, durante o debate parlamentar de ontem para a investidura do socialista como primeiro-ministro, as posições de um e outro pouco se moveram.

Restam pouco mais de 36 horas para as equipas de negociadores resolverem divergências abissais. Não é de descartar que na votação decisiva, quinta-feira, a UP decida votar contra. Abrir-se-ia novo período de reflexão de dois meses, findo o qual, à falta de um acordo, haveria que convocar novas eleições, as quartas legislativas em quatro anos.

À direita, o Partido Popular (PP, centro-direita) e o Cidadãos (Cs, centro-direita liberal) consideram que o pacto entre PSOE e UP está feito e assinado e que os espanhóis estão a assistir, nestes dias de debate, a uma representação teatral. Ambos rejeitaram os pedidos de Sánchez para viabilizarem o Executivo através da abstenção.

Nova votação na quinta-feira

Como previsto, Sánchez não alcançou a maioria absoluta necessária na votação de hoje para ser investido em primeira convocatória. Para tal teria de ter somado maioria absoluta entre os deputados em funções (176 dos 350). Terá, pois, de esperar pelo dia 25 para saber se consegue ser empossado. A segunda ronda só exige mais votos a favor do que contra.

Tudo depende da atitude que a UP acabe por tomar e do desenrolar das negociações que, rodeadas de um clima de total secretismo, as duas partes admitem ainda não ter rompido.

Iglesias relatou ontem, com detalhe, as pastas que tinha exigido ao candidato socialista para formar um Governo de coligação (Finanças, Trabalho, Igualdade, Habitação, Transição Ecológica, Ciência) e afirmou ter recebido um “não” por resposta a cada um dos pedidos. Esta manhã soube-se que uma das últimas ofertas terá sido um cargo de vice-primeiro-ministro para a área social, teoricamente a atribuir à vice-presidente e porta-voz da UP no Congresso, Irene Montero, mulher de Iglesias.

“Não estamos dispostos a estar num Governo como mera decoração”, disse Iglesias, acutilante, na tribuna de oradores do Congresso dos Deputados. “Não vamos permitir que nos pisem ou nos humilhem”, acrescentou, para insistir que os 3,7 milhões de eleitores da UP nas eleições de 28 de abril “merecem respeito”. “Se não fizer uma coligação connosco, senhor Sánchez, receio que nunca seja primeiro-ministro”, concluiu Iglesias. O socialista recordou-lhe que, rejeitando um acordo com o PSOE, daria força ao bloco conservador, em que estão PP, Cs e o ultradireitista Vox. “Uma ameaça para a democracia”, nas palavras de Sánchez.

Estava previsto que a direita votasse “não” na primeira volta da investidura, posição que manterá na quinta-feira. Pablo Casado e Albert Rivera, líderes do PP e do Cs, fizeram ouvidos moucos aos reiterados pedidos de abstenção do socialista, que visavam permitir a formação de um Executivo sem depender da abstenção ativa dos independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).

Casado quer manter o papel institucional de chefe da oposição e Rivera não quer prescindir da sua grande arma política contra o Executivo: que só pôde formar-se com o apoio indireto dos grupos “que querem destruir Espanha” e que algo terá de lhes dar em troca. Refere-se à ERC e ao Euskal Herria Bildu, a esquerda radical basca herdeira do Batasuna, outrora braço político do extinto grupo terrorista ETA.

Republicanos esperam para ver

O porta-voz da ERC, Gabriel Rufián, não revelou a posição definitiva do partido na segunda votação. Quer ver até onde vão as conversações PSOE-UP. Já ou outro grupo separatista representado no Parlamento, Juntos pela Catalunha (do fugitivo ex-presidente catalão Carles Puigdemont e do seu sucessor Quim Torra) votou contra terça-feira e repetirá o gesto daqui a dois dias.

O Partido Nacionalista Basco (PNV), que governa na região com o apoio dos socialistas, absteve-se para viabilizar o Governo de Sánchez, tal como fizeram os pequenos partidos regionalistas de Valência, Cantábria e Navarra.

Perante as perspetivas de fracasso de uma coligação (seria a primeira em Espanha deste a Segunda República, nos anos 30), surgem as primeiras especulações sobre uma possibilidade intermédia que Sánchez poderá explorar: alcançar um pacto de legislatura com a UP, aberto a outros partidos, com base num programa acordado mas sem membros daquele partido no Executivo. À semelhança do que fez António Costa em Portugal, portanto.

O primeiro-ministro recuperaria assim o seu desejo inicial: governar a sós, com uma maioria relativa de 123 deputados e com apoios pontuais de outras bancadas parlamentares, consoante as iniciativas legislativas em causa.

A possibilidade de um Governo de coligação entre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda) e a aliança Unidas Podemos, (UP, esquerda populista) ficou mais remota esta terça-feira. Após o duro confronto entre os líderes dessas formações políticas, respetivamente Pedro Sánchez e Pablo Iglesias, durante o debate parlamentar de ontem para a investidura do socialista como primeiro-ministro, as posições de um e outro pouco se moveram.

Restam pouco mais de 36 horas para as equipas de negociadores resolverem divergências abissais. Não é de descartar que na votação decisiva, quinta-feira, a UP decida votar contra. Abrir-se-ia novo período de reflexão de dois meses, findo o qual, à falta de um acordo, haveria que convocar novas eleições, as quartas legislativas em quatro anos.

À direita, o Partido Popular (PP, centro-direita) e o Cidadãos (Cs, centro-direita liberal) consideram que o pacto entre PSOE e UP está feito e assinado e que os espanhóis estão a assistir, nestes dias de debate, a uma representação teatral. Ambos rejeitaram os pedidos de Sánchez para viabilizarem o Executivo através da abstenção.

Nova votação na quinta-feira

Como previsto, Sánchez não alcançou a maioria absoluta necessária na votação de hoje para ser investido em primeira convocatória. Para tal teria de ter somado maioria absoluta entre os deputados em funções (176 dos 350). Terá, pois, de esperar pelo dia 25 para saber se consegue ser empossado. A segunda ronda só exige mais votos a favor do que contra.

Tudo depende da atitude que a UP acabe por tomar e do desenrolar das negociações que, rodeadas de um clima de total secretismo, as duas partes admitem ainda não ter rompido.

Iglesias relatou ontem, com detalhe, as pastas que tinha exigido ao candidato socialista para formar um Governo de coligação (Finanças, Trabalho, Igualdade, Habitação, Transição Ecológica, Ciência) e afirmou ter recebido um “não” por resposta a cada um dos pedidos. Esta manhã soube-se que uma das últimas ofertas terá sido um cargo de vice-primeiro-ministro para a área social, teoricamente a atribuir à vice-presidente e porta-voz da UP no Congresso, Irene Montero, mulher de Iglesias.

“Não estamos dispostos a estar num Governo como mera decoração”, disse Iglesias, acutilante, na tribuna de oradores do Congresso dos Deputados. “Não vamos permitir que nos pisem ou nos humilhem”, acrescentou, para insistir que os 3,7 milhões de eleitores da UP nas eleições de 28 de abril “merecem respeito”. “Se não fizer uma coligação connosco, senhor Sánchez, receio que nunca seja primeiro-ministro”, concluiu Iglesias. O socialista recordou-lhe que, rejeitando um acordo com o PSOE, daria força ao bloco conservador, em que estão PP, Cs e o ultradireitista Vox. “Uma ameaça para a democracia”, nas palavras de Sánchez.

Estava previsto que a direita votasse “não” na primeira volta da investidura, posição que manterá na quinta-feira. Pablo Casado e Albert Rivera, líderes do PP e do Cs, fizeram ouvidos moucos aos reiterados pedidos de abstenção do socialista, que visavam permitir a formação de um Executivo sem depender da abstenção ativa dos independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).

Casado quer manter o papel institucional de chefe da oposição e Rivera não quer prescindir da sua grande arma política contra o Executivo: que só pôde formar-se com o apoio indireto dos grupos “que querem destruir Espanha” e que algo terá de lhes dar em troca. Refere-se à ERC e ao Euskal Herria Bildu, a esquerda radical basca herdeira do Batasuna, outrora braço político do extinto grupo terrorista ETA.

Republicanos esperam para ver

O porta-voz da ERC, Gabriel Rufián, não revelou a posição definitiva do partido na segunda votação. Quer ver até onde vão as conversações PSOE-UP. Já ou outro grupo separatista representado no Parlamento, Juntos pela Catalunha (do fugitivo ex-presidente catalão Carles Puigdemont e do seu sucessor Quim Torra) votou contra terça-feira e repetirá o gesto daqui a dois dias.

O Partido Nacionalista Basco (PNV), que governa na região com o apoio dos socialistas, absteve-se para viabilizar o Governo de Sánchez, tal como fizeram os pequenos partidos regionalistas de Valência, Cantábria e Navarra.

Perante as perspetivas de fracasso de uma coligação (seria a primeira em Espanha deste a Segunda República, nos anos 30), surgem as primeiras especulações sobre uma possibilidade intermédia que Sánchez poderá explorar: alcançar um pacto de legislatura com a UP, aberto a outros partidos, com base num programa acordado mas sem membros daquele partido no Executivo. À semelhança do que fez António Costa em Portugal, portanto.

O primeiro-ministro recuperaria assim o seu desejo inicial: governar a sós, com uma maioria relativa de 123 deputados e com apoios pontuais de outras bancadas parlamentares, consoante as iniciativas legislativas em causa.

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