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No JN de hoje, o deputado social-democrata (ou do PSD) Paulo Rios de Oliveira escreve sobre os CTT. Aquém do conteúdo, está a forma. Como deputado de um dos partidos que impuseram o chamado acordo ortográfico (AO90), é natural que o use.
Não sei se Paulo Rios de Oliveira terá sido apoiante de Santana Lopes nas últimas eleições internas, mas é, em termos ortográficos, um seguidor fiel do candidato derrotado por Rui Rio. Na realidade, foi Santana Lopes que declarou “Agora ‘facto’ é igual a fato (de roupa).”
Os defensores do AO90 lá virão lembrar que, em Portugal, a palavra continua a escrever-se da mesma maneira, por causa do “critério fonético”. É claro que uma expressão “continua a escrever-se” está no mundo das regras, território semelhante ao das leis. Ora, uma lei mal feita, com erros de concepção e enunciados vagos, não pode ser respeitada nem desrespeitada.
O AO90 é uma dessas leis. Ao misturar um vago critério fonético com duplas grafias, mais quedas de consoantes portuguesas e manutenção de consoantes brasileiras ou vice-versa, as analogias descontroladas vêm à tona e a ortografia portuguesa está num estado tal que já não existe.
Um deputado da nação, certamente alfabetizado e dotado de um mínimo de literacia (o verbo “atentar”, apesar de tudo, rege outra preposição), escreve um texto em que substitui “facto” por “fato”, deixando essa marca visual em centenas de leitores que reproduzirão o erro até que Santana Lopes acabe por ter razão.
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No JN de hoje, o deputado social-democrata (ou do PSD) Paulo Rios de Oliveira escreve sobre os CTT. Aquém do conteúdo, está a forma. Como deputado de um dos partidos que impuseram o chamado acordo ortográfico (AO90), é natural que o use.
Não sei se Paulo Rios de Oliveira terá sido apoiante de Santana Lopes nas últimas eleições internas, mas é, em termos ortográficos, um seguidor fiel do candidato derrotado por Rui Rio. Na realidade, foi Santana Lopes que declarou “Agora ‘facto’ é igual a fato (de roupa).”
Os defensores do AO90 lá virão lembrar que, em Portugal, a palavra continua a escrever-se da mesma maneira, por causa do “critério fonético”. É claro que uma expressão “continua a escrever-se” está no mundo das regras, território semelhante ao das leis. Ora, uma lei mal feita, com erros de concepção e enunciados vagos, não pode ser respeitada nem desrespeitada.
O AO90 é uma dessas leis. Ao misturar um vago critério fonético com duplas grafias, mais quedas de consoantes portuguesas e manutenção de consoantes brasileiras ou vice-versa, as analogias descontroladas vêm à tona e a ortografia portuguesa está num estado tal que já não existe.
Um deputado da nação, certamente alfabetizado e dotado de um mínimo de literacia (o verbo “atentar”, apesar de tudo, rege outra preposição), escreve um texto em que substitui “facto” por “fato”, deixando essa marca visual em centenas de leitores que reproduzirão o erro até que Santana Lopes acabe por ter razão.