Em ambiente de grande incerteza as variações na política económica devem ser mitigadas, de forma a reduzir os riscos de divergência dos objectivos fixados. A sucessiva revisão das previsões do PIB e do défice orçamental durante a aplicação do PAEF aconselha prudência nas mudanças na política orçamental. No entanto, a necessidade de mostrar aos mercados que o Governo português estava determinado a corrigir o défice das contas públicas (e alguma crença na ‘austeridade expansionista’) levou à adopção do discurso de ‘ir além da troika’ e a medidas demasiado ousadas como o corte dos dois subsídios e a proposta da TSU em 2012 ou os plafonds orçamentais negociados com a troika para 2014. Claro que o contexto era muito diferente do actual e a troika teve muitas responsabilidades na forma como impôs essas medidas. Não fosse a grande capacidade de acomodação aos cortes que os portugueses demonstraram e o programa de ajustamento podia ter falhado por completo.
Dado o desempenho económico dos nossos parceiros comerciais e incerteza decorrente do BREXIT o Ministro das Finanças admite na entrevista de hoje ao Público rever as projecções do PIB para 2016 – fiquei com a impressão que já não acredita na previsão de 1,2%... Não tenho dúvidas de que do ponto de vista técnico, no actual contexto, as medidas para o segundo semestre que vão significar mais despesa (reposição dos salários) e menos receita (descida do IVA da restauração) deveriam ser mitigadas. E acredito que seja também essa a opinião do Ministro das Finanças. Mas, obviamente, não há condições políticas para que seja dessa forma. E quando não há condições políticas para fazer as mudanças que têm de ser feitas, porque o contexto mudou, não há também grande futuro para os políticos.
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Em ambiente de grande incerteza as variações na política económica devem ser mitigadas, de forma a reduzir os riscos de divergência dos objectivos fixados. A sucessiva revisão das previsões do PIB e do défice orçamental durante a aplicação do PAEF aconselha prudência nas mudanças na política orçamental. No entanto, a necessidade de mostrar aos mercados que o Governo português estava determinado a corrigir o défice das contas públicas (e alguma crença na ‘austeridade expansionista’) levou à adopção do discurso de ‘ir além da troika’ e a medidas demasiado ousadas como o corte dos dois subsídios e a proposta da TSU em 2012 ou os plafonds orçamentais negociados com a troika para 2014. Claro que o contexto era muito diferente do actual e a troika teve muitas responsabilidades na forma como impôs essas medidas. Não fosse a grande capacidade de acomodação aos cortes que os portugueses demonstraram e o programa de ajustamento podia ter falhado por completo.
Dado o desempenho económico dos nossos parceiros comerciais e incerteza decorrente do BREXIT o Ministro das Finanças admite na entrevista de hoje ao Público rever as projecções do PIB para 2016 – fiquei com a impressão que já não acredita na previsão de 1,2%... Não tenho dúvidas de que do ponto de vista técnico, no actual contexto, as medidas para o segundo semestre que vão significar mais despesa (reposição dos salários) e menos receita (descida do IVA da restauração) deveriam ser mitigadas. E acredito que seja também essa a opinião do Ministro das Finanças. Mas, obviamente, não há condições políticas para que seja dessa forma. E quando não há condições políticas para fazer as mudanças que têm de ser feitas, porque o contexto mudou, não há também grande futuro para os políticos.