Dicionário de A/Z Compositores Portugueses

17-02-2001
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Dicionário de A/Z Compositores Portugueses

Sábado, 10 de Fevereiro de 2001

BAPTISTA, Francisco Xavier

(m. 1797, Lisboa)

Apesar da sua escassa produção e de todas as dúvidas que subsistem quanto ao seu percurso biográfico, a figura de Francisco Xavier Baptista reveste-se de especial importância para a história da música portuguesa, uma vez que foi o autor das únicas obras para instrumento de tecla ("Dodeci Sonate Variazioni, Minuetti per Cembalo") publicadas em Portugal durante o século XVIII.

Os dados sobre a sua vida e actividade são muito reduzidos. Ingressou na Irmandade de Santa Cecília (confraria que reunia todos os profissionais ligados à actividade musical) a 14 de Fevereiro de 1761 e foi primeiro organista da Sé Catedral de Santa Maria, em Lisboa. Através dos documentos que mencionam a sua morte, ocorrida a 10 de Outubro de 1797, sabe-se que foi casado com Luísa Bernarda Caria de Mascarenhas e que era paroquiano da freguesia de Santa Justa.

As "Dodeci Sonate Variazioni, Minuetti per Cembalo" encontram-se disponíveis em edição moderna, publicada pela Fundação Gulbenkian, na colecção Portugaliae Musica (vol. XXXVI), a partir do exemplar que se guarda na Biblioteca da Ajuda. O ano da impressão encontra-se omisso no original, mas, de acordo com o musicólogo Gerhard Doderer, tudo indica que tenha ocorrido entre 1765 e 1778, período em que o gravador e desenhador francês Francisco Domingos Milcent, cujo nome se lê no frontispício, trabalhava a expensas da corte.

Apesar da menção ao cravo no título da obra, as diferentes peças apresentam um carácter bastante pianístico - algumas delas foram gravadas em pianoforte por Cremilde Rosado Fernandes (Strauss-Portugalsom) -, sendo reveladoras da transição de um instrumento para o outro. Trata-se de uma música de salão de carácter brilhante e alegre, feita para exibir um certo virtuosísmo, onde se reconhecem vários traços do estilo galante. Em geral, caracteriza-se por um percurso harmónico simples, em que a mão esquerda tende a dar um acompanhamento em figurações regulares do género do chamado baixo de Alberti, enquanto a mão direita desenha uma linha melódica solística bastante ornamentada. Os contrastes tonais e o uso de efeitos sonoros inesperados são frequentes.

As peças de Francisco Xavier Baptista documentam também que em Portugal se cultivavam as mais variadas formas utilizadas nas composições para tecla no período pré-clássico: sonatas bipartidas num andamento, variações melódicas baseadas num ostinato, variações harmónicas, curtos andamentos em forma de canção, minuetos e andamentos muito próximos da forma-sonata clássica.

Além destas obras, a produção conhecida do compositor inclui ainda uma sonata, tocatas e minuetes, registados num manuscrito da Biblioteca Nacional de Lisboa, uma sonata para cravo e violino (Biblioteca de Elvas), um motete a quatro vozes e órgão e uma modinha, publicada por G. Doderer no volume XXXVI da já citada colecção Portugaliae Musica. C.F.

Dicionário de A/Z Compositores Portugueses

Sábado, 10 de Fevereiro de 2001

BAPTISTA, Francisco Xavier

(m. 1797, Lisboa)

Apesar da sua escassa produção e de todas as dúvidas que subsistem quanto ao seu percurso biográfico, a figura de Francisco Xavier Baptista reveste-se de especial importância para a história da música portuguesa, uma vez que foi o autor das únicas obras para instrumento de tecla ("Dodeci Sonate Variazioni, Minuetti per Cembalo") publicadas em Portugal durante o século XVIII.

Os dados sobre a sua vida e actividade são muito reduzidos. Ingressou na Irmandade de Santa Cecília (confraria que reunia todos os profissionais ligados à actividade musical) a 14 de Fevereiro de 1761 e foi primeiro organista da Sé Catedral de Santa Maria, em Lisboa. Através dos documentos que mencionam a sua morte, ocorrida a 10 de Outubro de 1797, sabe-se que foi casado com Luísa Bernarda Caria de Mascarenhas e que era paroquiano da freguesia de Santa Justa.

As "Dodeci Sonate Variazioni, Minuetti per Cembalo" encontram-se disponíveis em edição moderna, publicada pela Fundação Gulbenkian, na colecção Portugaliae Musica (vol. XXXVI), a partir do exemplar que se guarda na Biblioteca da Ajuda. O ano da impressão encontra-se omisso no original, mas, de acordo com o musicólogo Gerhard Doderer, tudo indica que tenha ocorrido entre 1765 e 1778, período em que o gravador e desenhador francês Francisco Domingos Milcent, cujo nome se lê no frontispício, trabalhava a expensas da corte.

Apesar da menção ao cravo no título da obra, as diferentes peças apresentam um carácter bastante pianístico - algumas delas foram gravadas em pianoforte por Cremilde Rosado Fernandes (Strauss-Portugalsom) -, sendo reveladoras da transição de um instrumento para o outro. Trata-se de uma música de salão de carácter brilhante e alegre, feita para exibir um certo virtuosísmo, onde se reconhecem vários traços do estilo galante. Em geral, caracteriza-se por um percurso harmónico simples, em que a mão esquerda tende a dar um acompanhamento em figurações regulares do género do chamado baixo de Alberti, enquanto a mão direita desenha uma linha melódica solística bastante ornamentada. Os contrastes tonais e o uso de efeitos sonoros inesperados são frequentes.

As peças de Francisco Xavier Baptista documentam também que em Portugal se cultivavam as mais variadas formas utilizadas nas composições para tecla no período pré-clássico: sonatas bipartidas num andamento, variações melódicas baseadas num ostinato, variações harmónicas, curtos andamentos em forma de canção, minuetos e andamentos muito próximos da forma-sonata clássica.

Além destas obras, a produção conhecida do compositor inclui ainda uma sonata, tocatas e minuetes, registados num manuscrito da Biblioteca Nacional de Lisboa, uma sonata para cravo e violino (Biblioteca de Elvas), um motete a quatro vozes e órgão e uma modinha, publicada por G. Doderer no volume XXXVI da já citada colecção Portugaliae Musica. C.F.

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