Suplemento Y

16-06-2001
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Sexta-feira, 11 de Maio de 2001

UBU NA COMUNA

de Alfred Jarry

Versão cénica e encenação de João Mota

Tradução de Alexandre O'Neill e Luis de Lima; figurinos de Carlos Paulo; direcção musical de José Pedro Caiado; direcção técnica de Abílio Apolinário; interpretação de Álvaro Correia, Ana Lúcia Palminha, Carlos Paulo, Gonçalo Portela, Hugo Franco, João Tempera, Joaquim Horta, Luciana Ribeiro, Miguel Sermão e Victor Soares.

LISBOA, Teatro da Comuna, Pça. de Espanha, 4ª a sáb., às 21h30, dom às 17h. Bilhetes entre 1500$00 e 2500$00.

Uma farsa sobre o poder. "Rei Ubu" é um texto inventado em 1888 por Alfred Jarry (1873-1907), precursor do surrealismo. Uma peça delirante sobre a ganância, o medo e a traição. João Mota fez dela uma brincadeira de crianças cruéis, uma paródia que fala de um ditador mesquinho e sanguinário: "Todos nós nascemos com um Ubu dentro, ele espreita e, por isso, temos que estar alerta". Quem é Ubu? Um rei, um ditador, um homem mesquinho, um ser absurdo e patético, um covarde e um vilão, um pau mandado, um facínora, um palhaço gordo, uma marioneta, um poltrão, um assassino. Ele é tudo isto e a figura que o dramaturgo criou é tão ostensiva e humana que Jarry se quis colar à sua pele e tornar-se no próprio Ubu. Os surrealistas pegaram nesta peça de Jarry e consideraram-na precursora do Surrealismo porque possui uma escrita descontínua, orgânica, uma escrita anticonvencional, ilógica e cria um espaço de fantasia singular.

A VISITA

de Eric-Emmanuel Schmitt

Cenário e encenação de João Lourenço; dramaturgia de Vera San Payo de Lemos; figurinos de Maria Gonzaga; interpretação de António Cordeiro, Carlos Pisco, João Perry, João Reis e Sofia de Portugal.

LISBOA, Novo Grupo-Teatro Aberto, Praça de Espanha; de 4ª a sáb. às 21h30, dom. 16h. Estreia a 16 de Maio. Tel:21 7970969.

A peça passa-se em 1938, numa Áustria ocupada pelos nazis, na noite em que a Gestapo prende Anna, a filha de Freud. É nessa mesma noite que Freud recebe uma visita misteriosa. Será um louco? Um actor? Ou será um sonho de Freud, uma projecção do seu inconsciente? "A Visita" permite ao espectador, através de um diálogo filosófico, reflectir sobre a problemática da existência.

ANTÍGONA

de Sófocles

Encenação e dramaturgia de Mário Trigo; movimento de Carla Sampaio; com Paulo Campos dos Reis, Pedro Alves, Rute Lizardo, Sérgio Moura Afonso.

LISBOA, Teatro Focus, Caves do Liceu Camões, Praça José Fontana (metro Picoas); Estreia hoje. 6ª, sáb e dom., às 22h. Até 10 de Junho, excepto dias 1, 2 e 3. Tel.96 5272647.

O Teatro Focus continua a reflexão já proposta com a peça anterior, "Salomé", de Oscar Wilde: qual a posição individual perante qualquer instituição de poder? Neste sentido, será o castigo de Antígona legítimo ou não? A voz de Antígona é a voz das nossas consciências.

EM FUGA

Encenação de João Brites

Cenografia de João Brites e Rui Francisco; Com Paula Só, Antónia Terrinha, Horácio Manuel, Gonçalo Amorim, Raul Atalaia, André Amálio, Pedro Gil e Suzana Branco.

PALMELA Vale de Barris Tel: 21 2336850. De 5ªa a sáb., às 21h, 22h e 23h; dom., às 17h, 18h e 19h. Bilhetes a 750$00 e 500$00 para escolas. Até 31 de Maio.

Ao toque do sino, grupos de pessoas desfilam por veredas, entram nos casulos montados no dorso da serra, transportando com elas o banquinho das visitas. Joana, Percival, Menino, Ti Miséria, Gabriel, Russo, Dulcinha, Mariana e Miúra, habitantes da sua própria solidão, exilados das páginas dos livros, dos versos dos poetas, dos guiões de teatros antigos. Eles andam por aí, a vaguear, murmurando interrogações e alegrias. Todos gostamos que alguém pare para ouvir a nossa história. Todos temos uma história.

MARYLIN, MEU AMOR

Texto e encenação de Hélder Costa

Com Carla Alves, Catarina Santana, Mafalda Franco, Jorge Mourato, Miguel Telo, entre outros.

LISBOA, Teatro Cinearte, Lg. de Santos, 2. Tel:21 3965360. De hoje a dom., às 21h30.

Marilyn marcou o século XX. Na versão do dramaturgo Helder Costa, três actrizes são três facetas de um dos mais belos ícones de sempre. Os bastidores, os estúdios, as roupas, o canto, a dança, o corpo, o desespero. Últimas representações em Lisboa. A peça prosseguirá a sua digressão, passando por Serpa, no dia 18, e por Estremoz, a 19.

DIAS FELIZES

de Samuel Beckett

Encenação de Madalena Victorino; tradução de Jaime Salazar Sampaio; cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves, Isabel Nogueira e José Manuel Reis; luz de Pedro Domingos; com Isabel Muñoz Cardoso, Américo Silva e Gonçalo Amorim.

LISBOA, Edifício A Capital, R. Diário de Notícias, 78. Tel: 21 3479818. 6ª, às 22h e sáb. e dom., às 21h30. Até 10 de Junho.

As opiniões dividem-se: para uns, é sobretudo na opção - talvez pela primeira vez desde que Beckett a idealizou - de apresentar uma Winnie "desenterrada" que reside a maior fragilidade da encenação que Madalena Victorino fez de "Dias Felizes" - uma fuga à crueza? Para outros, esse é o grande triunfo, conferindo novos sentidos a uma das mais invariáveis situações cénicas do teatro da segunda metade do século XX. Dúvidas a dissipar até 10 de Junho.

PRIMEIRO AMOR

de Samuel Beckett

Encenação e interpretação de Miguel Borges

LISBOA, Edifício A Capital, R. Diário de Notícias, 78. Tel: 21 3479818; 5ª e 6ª, às 22h e sáb., às 21h30. Até 2 de Junho.

Miguel Borges prima por uma relação privilegiada com o corpo e a relação deste com o texto e o espaço, oferecendo momentos de verdadeira poesia imagética. Num verdadeiro "one man show", eis uma boa oportunidade para conhecer em teatro uma novela que Beckett explicitamente pediu que não fosse encenada.

Sexta-feira, 11 de Maio de 2001

UBU NA COMUNA

de Alfred Jarry

Versão cénica e encenação de João Mota

Tradução de Alexandre O'Neill e Luis de Lima; figurinos de Carlos Paulo; direcção musical de José Pedro Caiado; direcção técnica de Abílio Apolinário; interpretação de Álvaro Correia, Ana Lúcia Palminha, Carlos Paulo, Gonçalo Portela, Hugo Franco, João Tempera, Joaquim Horta, Luciana Ribeiro, Miguel Sermão e Victor Soares.

LISBOA, Teatro da Comuna, Pça. de Espanha, 4ª a sáb., às 21h30, dom às 17h. Bilhetes entre 1500$00 e 2500$00.

Uma farsa sobre o poder. "Rei Ubu" é um texto inventado em 1888 por Alfred Jarry (1873-1907), precursor do surrealismo. Uma peça delirante sobre a ganância, o medo e a traição. João Mota fez dela uma brincadeira de crianças cruéis, uma paródia que fala de um ditador mesquinho e sanguinário: "Todos nós nascemos com um Ubu dentro, ele espreita e, por isso, temos que estar alerta". Quem é Ubu? Um rei, um ditador, um homem mesquinho, um ser absurdo e patético, um covarde e um vilão, um pau mandado, um facínora, um palhaço gordo, uma marioneta, um poltrão, um assassino. Ele é tudo isto e a figura que o dramaturgo criou é tão ostensiva e humana que Jarry se quis colar à sua pele e tornar-se no próprio Ubu. Os surrealistas pegaram nesta peça de Jarry e consideraram-na precursora do Surrealismo porque possui uma escrita descontínua, orgânica, uma escrita anticonvencional, ilógica e cria um espaço de fantasia singular.

A VISITA

de Eric-Emmanuel Schmitt

Cenário e encenação de João Lourenço; dramaturgia de Vera San Payo de Lemos; figurinos de Maria Gonzaga; interpretação de António Cordeiro, Carlos Pisco, João Perry, João Reis e Sofia de Portugal.

LISBOA, Novo Grupo-Teatro Aberto, Praça de Espanha; de 4ª a sáb. às 21h30, dom. 16h. Estreia a 16 de Maio. Tel:21 7970969.

A peça passa-se em 1938, numa Áustria ocupada pelos nazis, na noite em que a Gestapo prende Anna, a filha de Freud. É nessa mesma noite que Freud recebe uma visita misteriosa. Será um louco? Um actor? Ou será um sonho de Freud, uma projecção do seu inconsciente? "A Visita" permite ao espectador, através de um diálogo filosófico, reflectir sobre a problemática da existência.

ANTÍGONA

de Sófocles

Encenação e dramaturgia de Mário Trigo; movimento de Carla Sampaio; com Paulo Campos dos Reis, Pedro Alves, Rute Lizardo, Sérgio Moura Afonso.

LISBOA, Teatro Focus, Caves do Liceu Camões, Praça José Fontana (metro Picoas); Estreia hoje. 6ª, sáb e dom., às 22h. Até 10 de Junho, excepto dias 1, 2 e 3. Tel.96 5272647.

O Teatro Focus continua a reflexão já proposta com a peça anterior, "Salomé", de Oscar Wilde: qual a posição individual perante qualquer instituição de poder? Neste sentido, será o castigo de Antígona legítimo ou não? A voz de Antígona é a voz das nossas consciências.

EM FUGA

Encenação de João Brites

Cenografia de João Brites e Rui Francisco; Com Paula Só, Antónia Terrinha, Horácio Manuel, Gonçalo Amorim, Raul Atalaia, André Amálio, Pedro Gil e Suzana Branco.

PALMELA Vale de Barris Tel: 21 2336850. De 5ªa a sáb., às 21h, 22h e 23h; dom., às 17h, 18h e 19h. Bilhetes a 750$00 e 500$00 para escolas. Até 31 de Maio.

Ao toque do sino, grupos de pessoas desfilam por veredas, entram nos casulos montados no dorso da serra, transportando com elas o banquinho das visitas. Joana, Percival, Menino, Ti Miséria, Gabriel, Russo, Dulcinha, Mariana e Miúra, habitantes da sua própria solidão, exilados das páginas dos livros, dos versos dos poetas, dos guiões de teatros antigos. Eles andam por aí, a vaguear, murmurando interrogações e alegrias. Todos gostamos que alguém pare para ouvir a nossa história. Todos temos uma história.

MARYLIN, MEU AMOR

Texto e encenação de Hélder Costa

Com Carla Alves, Catarina Santana, Mafalda Franco, Jorge Mourato, Miguel Telo, entre outros.

LISBOA, Teatro Cinearte, Lg. de Santos, 2. Tel:21 3965360. De hoje a dom., às 21h30.

Marilyn marcou o século XX. Na versão do dramaturgo Helder Costa, três actrizes são três facetas de um dos mais belos ícones de sempre. Os bastidores, os estúdios, as roupas, o canto, a dança, o corpo, o desespero. Últimas representações em Lisboa. A peça prosseguirá a sua digressão, passando por Serpa, no dia 18, e por Estremoz, a 19.

DIAS FELIZES

de Samuel Beckett

Encenação de Madalena Victorino; tradução de Jaime Salazar Sampaio; cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves, Isabel Nogueira e José Manuel Reis; luz de Pedro Domingos; com Isabel Muñoz Cardoso, Américo Silva e Gonçalo Amorim.

LISBOA, Edifício A Capital, R. Diário de Notícias, 78. Tel: 21 3479818. 6ª, às 22h e sáb. e dom., às 21h30. Até 10 de Junho.

As opiniões dividem-se: para uns, é sobretudo na opção - talvez pela primeira vez desde que Beckett a idealizou - de apresentar uma Winnie "desenterrada" que reside a maior fragilidade da encenação que Madalena Victorino fez de "Dias Felizes" - uma fuga à crueza? Para outros, esse é o grande triunfo, conferindo novos sentidos a uma das mais invariáveis situações cénicas do teatro da segunda metade do século XX. Dúvidas a dissipar até 10 de Junho.

PRIMEIRO AMOR

de Samuel Beckett

Encenação e interpretação de Miguel Borges

LISBOA, Edifício A Capital, R. Diário de Notícias, 78. Tel: 21 3479818; 5ª e 6ª, às 22h e sáb., às 21h30. Até 2 de Junho.

Miguel Borges prima por uma relação privilegiada com o corpo e a relação deste com o texto e o espaço, oferecendo momentos de verdadeira poesia imagética. Num verdadeiro "one man show", eis uma boa oportunidade para conhecer em teatro uma novela que Beckett explicitamente pediu que não fosse encenada.

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