Ex-reféns de Cabinda Chegam a Portugal Sob Um Manto de Silêncio
Por RUI BAPTISTA
Sexta-feira, 25 de Maio de 2001
Raptados em boas condições físicas
Secretário de Estado exclui a oposição da lista de agradecimentos pela libertação dos detidos pela FLEC-Renovada
O esforço diplomático do presidente do Gabão, Omar Bongo, "foi fundamental" para a libertação dos cinco reféns portugueses que estiveram em cativeiro em Cabinda nas mãos da FLEC-Renovada, reconheceu ontem o secretário de Estado das Comunidades, João Rui de Almeida. Os cinco portugueses chegaram ontem ao final do dia (20h36) à base aérea de Maceda, Ovar, num avião fretado pelo Estado português, que fez uma escala de três horas em Libreville, no Gabão, onde os reféns libertados agradeceram pessoalmente os esforços desenvolvidos pelo presidente Bongo. Aparentemente debilitados, mas sem problemas físicos graves, os ex-reféns foram recebidos por familiares na placa do aeroporto, onde os esperavam desde o início da tarde.
Viaturas da empresa de construção Soares da Costa, que emprega os ex-reféns, recolheram os familiares ao longo do dia, conduzindo-os a uma sala no interior das instalações da base militar, onde permaneceram longe do contacto com os jornalistas. Os próprios ex-reféns foram mantidos fora do alcance da comunicação social, e nenhum aceitou, segundo garantia dada por João Rui de Almeida, prestar qualquer declaração. "Eles estão cansados depois de uma longa viagem, como é natural, e optaram por regressar de imediato ao seio das suas famílias", explicou o secretário de Estado.
Os ex-reféns foram observados à chegada a Portugal por duas equipas do Instituto Nacional de Emergência Médica, não lhes tendo sido detectadas "quaisquer situações de emergência que pudessem obrigar a um internamento". O Governo português pôs à disposição dos cinco homens agora libertados e das respectivas famílias equipas multidisciplinares para "acompanhamento especial" nas áreas da saúde e da segurança social.
Na lista de agradecimentos às entidades ou figuras que contribuíram para a libertação dos reféns, João Rui de Almeida fez questão de não incluir os nomes dos líderes dos partidos da oposição, nomeadamente Paulo Portas e Durão Barroso, que se empenharam pessoalmente no processo. Apesar de instado por diversas vezes pelos jornalistas, o secretário de Estado furtou-se sempre a dar uma explicação sobre essa omissão, limitando-se a dizer que não pretende "fazer declarações sobre matérias tão delicadas que possam ser mal interpretadas".
João Rui de Almeida agradeceu oficialmente em nome do Governo português à "Igreja Católica, às organizações internacionais e aos chefes de governos amigos". O Presidente da República, Jorge Sampaio, que se encontra em visita oficial ao Canadá, telefonou a Omar Bongo agradecendo-lhe o empenho no processo de mediação com a FLEC-Renovada. Também Jaime Gama, ministro dos Negócios Estrangeiros, em visita oficial à China, já agradeceu oficialmente aos seus homólogos do Gabão e do Congo-Brazzaville.
Em nome do Governo, João Rui de Almeida prometeu que irão ser feitos "todos os esforços" no sentido de obter rapidamente a libertação dos dois portugueses que há mais de um ano permanecem nas mãos da FLEC-FAC. "Apelamos aos raptores para que os libertem, porque nenhuma causa é justa quando é perseguida através da toma de reféns inocentes", disse o secretário de Estado.
Categorias
Entidades
Ex-reféns de Cabinda Chegam a Portugal Sob Um Manto de Silêncio
Por RUI BAPTISTA
Sexta-feira, 25 de Maio de 2001
Raptados em boas condições físicas
Secretário de Estado exclui a oposição da lista de agradecimentos pela libertação dos detidos pela FLEC-Renovada
O esforço diplomático do presidente do Gabão, Omar Bongo, "foi fundamental" para a libertação dos cinco reféns portugueses que estiveram em cativeiro em Cabinda nas mãos da FLEC-Renovada, reconheceu ontem o secretário de Estado das Comunidades, João Rui de Almeida. Os cinco portugueses chegaram ontem ao final do dia (20h36) à base aérea de Maceda, Ovar, num avião fretado pelo Estado português, que fez uma escala de três horas em Libreville, no Gabão, onde os reféns libertados agradeceram pessoalmente os esforços desenvolvidos pelo presidente Bongo. Aparentemente debilitados, mas sem problemas físicos graves, os ex-reféns foram recebidos por familiares na placa do aeroporto, onde os esperavam desde o início da tarde.
Viaturas da empresa de construção Soares da Costa, que emprega os ex-reféns, recolheram os familiares ao longo do dia, conduzindo-os a uma sala no interior das instalações da base militar, onde permaneceram longe do contacto com os jornalistas. Os próprios ex-reféns foram mantidos fora do alcance da comunicação social, e nenhum aceitou, segundo garantia dada por João Rui de Almeida, prestar qualquer declaração. "Eles estão cansados depois de uma longa viagem, como é natural, e optaram por regressar de imediato ao seio das suas famílias", explicou o secretário de Estado.
Os ex-reféns foram observados à chegada a Portugal por duas equipas do Instituto Nacional de Emergência Médica, não lhes tendo sido detectadas "quaisquer situações de emergência que pudessem obrigar a um internamento". O Governo português pôs à disposição dos cinco homens agora libertados e das respectivas famílias equipas multidisciplinares para "acompanhamento especial" nas áreas da saúde e da segurança social.
Na lista de agradecimentos às entidades ou figuras que contribuíram para a libertação dos reféns, João Rui de Almeida fez questão de não incluir os nomes dos líderes dos partidos da oposição, nomeadamente Paulo Portas e Durão Barroso, que se empenharam pessoalmente no processo. Apesar de instado por diversas vezes pelos jornalistas, o secretário de Estado furtou-se sempre a dar uma explicação sobre essa omissão, limitando-se a dizer que não pretende "fazer declarações sobre matérias tão delicadas que possam ser mal interpretadas".
João Rui de Almeida agradeceu oficialmente em nome do Governo português à "Igreja Católica, às organizações internacionais e aos chefes de governos amigos". O Presidente da República, Jorge Sampaio, que se encontra em visita oficial ao Canadá, telefonou a Omar Bongo agradecendo-lhe o empenho no processo de mediação com a FLEC-Renovada. Também Jaime Gama, ministro dos Negócios Estrangeiros, em visita oficial à China, já agradeceu oficialmente aos seus homólogos do Gabão e do Congo-Brazzaville.
Em nome do Governo, João Rui de Almeida prometeu que irão ser feitos "todos os esforços" no sentido de obter rapidamente a libertação dos dois portugueses que há mais de um ano permanecem nas mãos da FLEC-FAC. "Apelamos aos raptores para que os libertem, porque nenhuma causa é justa quando é perseguida através da toma de reféns inocentes", disse o secretário de Estado.